Estupros, mutilações genitais e apedrejamentos estão entre as mais perversas formas de violência cometidas contra moradoras de todos os continentes, todos os dias. A seguir, oito formas de violações cotidianas são lembradas para reforçar a importância deste 8 de março. Em pleno século 21, ser mulher ainda é perigoso.
Violência doméstica
A cada 12 segundos, uma mulher sofre violência no Brasil. Mesmo com a lei Maria da Penha, o país ainda ocupa o 7º lugar no ranking de assassinatos de mulheres. Para protestar contra esse tipo global de violência, a organização The Salvation Army lançou campanha ilustrada com o vestido que causou polêmica na internet (foto acima). "Por que é tão difícil enxergar azul e preto?" - questiona o anúncio, lembrando que uma em cada seis mulheres é vítima de abuso. E que isso não é ilusão.
Tráfico humano
Considerado uma escravidão do século 21, o tráfico de pessoas movimenta US$ 32 bilhões por ano no mundo e faz 2,5 milhões de vítimas, sendo 98% mulheres. No Brasil, a estimativa é de que mais de 70 mil pessoas já tenham sido levadas ao Exterior como produto de tráfico humano.
Estupros
Jovens protestam contra a violência sexual
Foto: Roni Rigon/BD/09/03/2013
Estimativa das Nações Unidas prevê que uma em cada cinco mulheres será vítima de estupro ou de tentativa de estupro ao longo de sua vida. Aquelas com idade entre 15 e 44 anos apresentam maior risco de sofrer violência sexual e doméstica do que de serem vítimas de câncer, acidentes de carro ou malária. Estudo publicado na revista The Lancet em 2014 mostra que uma em cada 14 mulheres já foi vítima de abuso sexual.
Analfabetismo
Mulheres lideram as taxas de analfabetismo globais. Elas representam 65% dos 774 milhões de adultos analfabetos do mundo, segundo a Unesco. No Brasil, elas estudam por mais tempo do que os homens, mas têm salários mais baixos do que colegas com a mesma formação, de acordo com estudo do IBGE. O analfabetismo entre negras é duas vezes maior do que entre brancas no país.
Abortos clandestinos
Direito ao aborto é um dos temas recorrentes das marchas de mulheres
Foto: Félix Zucco/BD/ 27-04-2014
Uma mulher morre a cada dois dias devido a abortos inseguros no Brasil. Enquanto, na Europa, 95% dos abortos são seguros, na América Latina 95% deles são inseguros, feitos à margem da lei e em clínicas clandestinas. Pesquisa Nacional sobre o Aborto mostra que uma em cada cinco brasileiras com até 40 anos já interrompeu uma gravidez
Casamentos na infância
Mais de 700 milhões das mulheres do planeta foram submetidas a um casamento quando crianças, de acordo com a Unicef. A foto ao lado, que recebeu o prêmio World Press Photo sobre questões contemporâneas em 2012, mostra duas meninas com seus maridos, no Iêmen. Tahani (de rosa), se casou aos seis anos com o noivo, de 25.
Mutilação genital
Mais de 140 milhões de meninas e mulheres já foram submetidas a alguma forma de mutilação genital. Se as tendências atuais persistirem, 15 milhões de meninas serão mutiladas até 2020. Embora mais concentrada em países da África e do Oriente Médio, a mutilação genital feminina se alastra com a emigração para outros países.
Apesar das conquistas, violência de gênero é cotidiana
Foto: Félix Zucco/BD/27-04-2014
Crimes de honra
Mulheres sendo apedrejadas até a morte em nome da "honra" de algum homem são personagens fáceis em vídeos que se multiplicam pela web. Apenas no Paquistão, mil mulheres morrem em "crimes de honra" a cada ano. Acusações de adultério e desobediência a casamentos impostos pela família estão entre motivos passíveis de punição com a própria vida.