Com 25 garis e dois barcos, a tradicional limpeza das margens do Arroio Dilúvio, realizada pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) para melhorar o aspecto do curso d´água, começou nesta segunda-feira.
No intuito de divulgar o Código Municipal de Limpeza Urbana, que penaliza quem dispensar a sujeira na rua, serão instaladas seis placas em locais onde há focos irregulares de resíduos. A ação da prefeitura ajuda, mas não impede que o lixo jogado nas nascentes do arroio chegue aos olhos dos porto-alegrenses.
- É como enxugar gelo - diz o vice-diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas Carlos André Bulhões Mendes, ao falar sobre a necessidade de medidas mais eficazes junto às nascentes do arroio.
Segundo ele, o trabalho de retirada de lixo e sedimento realizado pela prefeitura é importante, mas não é efetivo na relação de causa e efeito: falta educação na ponta, onde ocorre a emissão dos dejetos. Em 2013, quando o DMLU deu início à limpeza superficial do arroio, foram removidas 267 toneladas de resíduos. No ano seguinte, o volume caiu para cerca de 200 toneladas. Entre os resíduos removidos estavam pneus, garrafas pets, sofás, sacolas plásticas, chinelos, sapatos, carrinho de bebê, cadeiras de rodas, piscina plástica, fogão, geladeira, carcaça de computadores e de televisores. A maioria dos resíduos, segundo Mendes, tem origem nas moradias irregulares nos topos dos morros e nas nascentes dos arroios que desembocam no Dilúvio.
Conforme o Novo Código de Limpeza Urbana, jogar, descartar ou abandonar resíduos nas margens ou dentro de rios, córregos e arroios é considerado multa gravíssima e o infrator fica sujeito a pagar R$ 4.221,21. Apesar da falta de conscientização da população, o diretor-geral do DMLU André Carús tem esperança que a adesão das pessoas na limpeza do Dilúvio melhore:
- Nosso objetivo tem sido sempre aumentar o envolvimento da cidade, mostrando que a sociedade tem que fazer a sua parte - observou.
Três anos depois, grupo retoma discussão
A pretensão de Carus é a mesma do grupo que realiza encontro na manhã desta terça-feira na Câmara dos Vereadores para debater projeto de revitalização. Mobilizado pela assessoria do vereador Marcelo Sgarbossa, novo presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da casa, o grupo irá discutir como tirar do papel o projeto escrito por membros da UFRGS, PUCRS e prefeituras de Porto Alegre e Viamão em 2012. A reunião começa às 9h30min na sala 301 da Câmara e é aberta ao público. Na ocasião, o vice-diretor do IPH Carlos André Bulhões Mendes fará uma palestra sobre a situação do projeto e do arroio. Segundo ele, 80 técnicos se reuniram de agosto de 2011 até o final de 2012 para trabalhar sobre o marco conceitual e o anteprojeto de revitalização. Posteriormente a isso, deveria ter ocorrido o detalhamento do projeto executivo, mas faltou vontade política:
- Sair de um grau de simplicidade primitiva de gestão e chegar uma complexidade organizada é uma questão que pode demorar décadas - diz Mendes.
Assessor do presidente da Cosmam, Gilberto Flach explica que a proposta é entender porque o projeto ainda não prosperou. Segundo Flach, o projeto deve ser capitaneado pelas partes interessadas da sociedade, como academia e ONGs, e não ficar atrelado a pessoas ou governos.