A Polícia Civil investiga a autoria da pichação ao Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha (Redenção), executada 34 dias depois de a estrutura ter sido revitalizada por meio de um projeto do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon). Um texto publicado no site Mídia Independente atribui a ação à Galera do Pixo do Triangulo CAV do Terror, que seria originária de Canoas, Alvorada e Viamão.
No texto, recheado de xingamentos, o grupo questiona o gasto de R$ 250 mil na recuperação de 12 monumentos do parque "enquanto nas quebradas dessa mesma cidade tem piá no berço morrendo em boca do rato, porque não tem tratamento de esgoto". Sobre o Expedicionário em si, o comunicado expressa crítica contra o Exército, apontando que "gostam de lembrar da guerra como cheia de glória, porque é uma desculpa pra alistar um monte de pobre e mandar pra fora pra morrer e matar gente pobre".
Apesar de anunciar a investigação, o delegado Abílio Pereira, titular da 10ª Delegacia da Polícia Civil, lembrou que há "uma pilha" de ocorrências sobre sua mesa envolvendo casos graves. Ele salientou que abrirá por conta própria a investigação, já que a prefeitura não fez denúncia. Contatada por ZH, a Guarda Municipal afirmou ter registrado ocorrência na Área Judiciária do Palácio da Polícia.
Experiente no trato com pichadores, o chefe da Equipe Operacional da Guarda, Franklin dos Santos Filho, analisou o comunicado e reconheceu expressões comuns utilizadas por eles. Com uma ressalva:
- Tem indício (de serem pichadores da Região Metropolitana) pela forma de se expressar, mas com uma visão mais anarquista.
O texto foi anexado à série de ocorrências de vandalismo na Redenção. Além da pichação ao Expedicionário, recentemente o Monumento em Homenagem aos Mortos em Combate ao Comunismo foi quase completamente destruído. Responsável pelo trabalho de revitalização das peças da Redenção, a arquiteta Verônica di Benedetti lembrou de uma situação quando sua equipe foi ao local identificar os danos ao Monumento em Homenagem aos Mortos em Combate ao Comunismo.
- Passou uma moça que se identificou como psicóloga e que começou a chutar o monumento, em uma ação com claras motivações políticas - relatou.
O suposto grupo de pichadores acusa "o estado" de fornecer o dinheiro ao Sinduscon para fazer a reforma dos monumentos. O sindicato rebateu, apontando que o valor é 100% das empresas filiadas, sem qualquer renúncia fiscal, e garantiu que vai voltar a reformar o Expedicionário. Luiz Antônio Custódio, coordenador da Memória Cultural da Secretaria Municipal da Cultura, disse que o importante é recuperar a estrutura outra vez, e preferiu não comentar o comunicado do grupo:
- É preciso, de um lado, continuar recuperando, e, de outro, reforçar a educação na rede escolar. E, judicialmente, identificar os responsáveis e enquadrá-los.
Monumento aos Mortos em Combate ao Comunismo foi avariado no início deste mês
Foto: Cláudio Bergman, divulgação