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Com a retomada das obras condicionada à liberação de empreendimentos comerciais, a ciclovia da Avenida Ipiranga está emperrada desde fevereiro de 2014, e não tem previsão de continuidade da construção. A ciclovia começou a ser construída em 2011, e seu primeiro trecho, de pouco mais de 400 metros, foi inaugurado no ano seguinte.
Anunciada em 2011 como símbolo da aposta de Porto Alegre em transportes alternativos, a obra intriga quem passa por uma das principais avenidas da cidade ao correr, junto ao Arroio Dilúvio, da orla do Guaíba até o Ginásio da Brigada Militar, na esquina com a Avenida Silva Só. E parar por ali, em vez de seguir até Avenida Antônio de Carvalho, passando pela PUCRS, como prometido.
O problema não é financeiro: a construção da ciclovia será bancada por empresas como contrapartida à autorização para novos empreendimentos. Porém, o sistema que libera novos supermercados e shoppings é lento - e, como a prefeitura não tirou do caixa para seguir a obra, o trabalho parou.
Trecho até a Salvador França aguarda autorizações
Foto: Guilherme Santos
No caso da Ipiranga, o obstáculo é de papel: falta assinar os termos de compromisso que liberarão novos empreendimentos do Grupo Zaffari. Pelo menos três novas unidades do grupo (shoppings e supermercados) serão construídas - a compensação combinada com a prefeitura vai ser a ampliação da ciclovia até a Avenida Salvador França. A regra é que a cada cem vagas de estacionamento, agrega-se 200 metros de vias para bicicletas. Os estabelecimentos serão no antigo estádio do Força e Luz (bairro Santa Cecília), na Rua Furriel Luiz Antônio de Vargas (bairro bela Vista) e na Cavalhada, informou a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
Cláudio Luiz Zaffari, diretor do Grupo Zaffari, comentou que a prefeitura tem "uma dificuldade natural de aprovar projetos em Porto Alegre" e não deu perspectiva de prazo para se realizar o novo trecho sob responsabilidade da empresa.
- Pelo termo de compromisso, nós temos condições de fazer mais um trecho, mas não posso começar sem que a prefeitura conclua sua parte formal. E aí eu vou executar o meu projeto, vai levar um ano ou dois e, 60 dias antes de eu concluir o meu empreendimento, eu tenho que estar com essa compensação concluída - disse Zaffari.
O diretor lembrou que todo o projeto da ciclovia da Ipiranga foi pago pelo Zaffari, mas quem fez as alterações da pista de um lado para outro da Ipiranga - mudança muito criticada por ciclistas - foi a prefeitura, por causa de redes de alta tensão, vegetação, canalizações pluviais, de esgoto e de gás. Cláudio Zaffari também lembrou que a companhia fez a obra do trecho da Azenha à Silva Só mesmo antes de ter recebido as liberações dos empreendimentos correspondentes.
O valor das contrapartidas do Zaffari até sobraria para fazer mais trechos da ciclovia da Ipiranga, mas outra empresa deverá aplicar suas compensações na parte entre a Salvador França e a Avenida Cristiano Fischer, na PUCRS - a Maiojama, por um empreendimento na Avenida Tarso Dutra, no bairro Petrópolis.
EPTC garante conclusão em 2015, mas último trecho ainda não tem definição
Foto: Guilherme Santos
Quanto ao último trecho da ciclovia, da Cristiano Fischer à Antônio de Carvalho, não há qualquer definição, conforme o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari.
O diretor da EPTC garantiu que a ciclovia da Ipiranga ficará pronta em 2015. A parte do Zaffari tem de ser entregue até, no máximo, a concessão do habite-se, que é o último documento para a liberação do empreendimento. Ele conta com o começo do uso do Fundo Municipal de Apoio à Implantação do Sistema Cicloviário (FMASC), previsto para estar em pleno vigor até a metade de fevereiro, para ter "uma fonte de recursos muito expressiva" para a construção de ciclovias. O FMASC também servirá, disse Cappellari, para cobrar as empresas que não querem pagar porque será possível notificá-las.
- Aí a gente começa a notificar os empreendimentos para que eles passem a depositar, porque eles têm tido resistência, já que é um custo muito elevado - afirmou.
Apesar da confirmação de que há dificuldades na cobrança de contrapartidas das empresas e de o Zaffari não ter outro trecho da ciclovia da Ipiranga para construir com suas contrapartidas - mesmo que sobrem valores -, Cappellari nega haver qualquer desacordo com a companhia gaúcha de supermercados:
- O Zaffari foi muito parceiro, tanto que antecipou os pagamentos (da Azenha à Silva Só).
Foto: Guilherme Santos