Quem comprou imóvel na planta em Porto Alegre e Região Metropolitana está enfrentando mais de um ano de atraso na entrega das chaves. Além dos custos de aluguel e transporte, os clientes reclamam da falta de explicações das construtoras.
Segundo a filial gaúcha da Associação dos Mutuários, cerca de 80% dos empreendimentos demoram mais que o prazo estipulado para ficarem prontos. A demora é atribuída a condições climáticas, falta de mão de obra e de materiais de construção.
Na zona norte da Capital, o empreendimento Quinta do Sol, na Rua Ary Tarragô, deveria ter sido entregue em junho de 2013. Até hoje, os compradores ainda não entraram em casa. A situação alterou os planos do analista de suporte Eduardo Luiz da Silva, 30 anos.
“Tu faz todo um planejamento já esperando uma data, além da minha frustração, estou atrapalhando meus familiares, porque tudo que nós compramos para o apartamento está na casa dos pais, de tios”, conta.
A secretária Ane Papaléo, 36, também se queixa da falta de explicações da construtora responsável. “O problema do contato com a construtora é que eles não dão resposta, a gente liga para saber o que está acontecendo e eles não dão explicação”, diz.
Na mesma região, moradores esperam mais de um ano pelo condomínio Morada de Cascais, na Avenida Cascais. Por meio de nota, a construtora PDG, que é responsável pelas obras, disse que os prédios estão concluídos e aguarda emissão do habite-se. A empresa não explica o motivo do atraso.
Em Alvorada, há queixas de quem comprou unidades no Moradas Club e Moradas Caminho do Meio, da Nex Group, e aguarda desde o fim de 2012. A empresa diz que os condomínios estão em fase final de acabamento e a entrega depende da liberação da Corsan e da Fepam sobre a operação de Estações de Tratamento de Esgotos Provisórias que foram executadas pela incorporadora. Também informa que cada contrato prevê cláusulas de multa que serão honradas.
Em entrevista ao programa Gaúcha Repórter nesta segunda-feira (18), o vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-RS), Aquiles DalMolin, admitiu os atrasos. Segundo ele, a situação foi gerada por um excesso de demanda.
“Há situações de um excesso de demanda, houve consequências dentro da gestão das empresas e da área pública, que não estavam preparadas. A gente tem casos de imóveis prontos que aguardam até 180 dias pela liberação da prefeitura”, argumenta.
Parte dos consumidores tem entrado na Justiça para tentar recuperar os prejuízos. Entre os questionamentos, está a cobrança da taxa de evolução de obra, que é paga durante a construção. Segundo o assessor jurídico da Associação dos Mutuários no Estado, Lisandro Adames, o valor não poderia ser cobrado após o vencimento do prazo para entrega das chaves. A associação orienta os clientes a buscarem o ressarcimento dos valores.