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Desde a anexação à Áustria-Hungria, em 1908, a Bósnia exalava tensão política. Em cinco anos, várias ações terroristas haviam tentado, sem sucesso, atingir autoridades do poder central.
Às vésperas de completar 20 anos, o nacionalista sérvio Gavrilo Princip sonhava com a criação de um Estado eslavo independente do Império Austro-Húngaro, a Iugoslávia. Na companhia de Vaso Cubrilovic e Nedeljko Cabrinovic, seus camaradas no grupo terrorista Mão Negra, Princip planejava uma nova ação, capaz de abalar não só a Áustria-Hungria como também a paz no continente: o assassinato de Franz Ferdinand, sobrinho do imperador e herdeiro do trono austro-húngaro.
Às 10h10min da manhã de 28 de junho de 1914, em Sarajevo, Cabrinovic lançou uma bomba contra o carro de Ferdinand. O artefato escorreu pela capota aberta do Gräf & Stift 1911 placas A-III-118 e caiu na rua, detonando embaixo do veículo seguinte da comitiva oficial. A explosão abriu um buraco de 30 centímetros de diâmetro no chão e deixou 20 feridos.
Em seguida, Cabrinovic tentou suicidar-se engolindo uma cápsula de cianureto e pulando no rio Miljacka, mas acabou vomitando o veneno e molhando apenas as canelas - naquele ponto, a profundidade era de 12 centímetros. Antes de ser preso, quase foi linchado.
Mas a sorte estava ao lado dos conspiradores. Depois de escapar do atentado à bomba, o motorista errou o caminho nas ruas de Sarajevo e, enquanto tentava manobrar, Gavrilo Princip aproximou-se do veículo. A apenas cinco metros de distância, o jovem desferiu dois tiros com uma pistola semiautomática FN .380 modelo 1910, de fabricação belga (na ilustração). Um deles acertou a veia jugular do arquiduque e o outro, o abdôme da duquesa Sofia de Hoberg. Ambos morreram enquanto eram levados ao hospital.
O episódio resultaria em uma série de ultimatos e provocações que culminaria, um mês depois, na I Guerra Mundial (leia abaixo).
A guerra provocou um cataclismo, gerando ondas de choque que ainda reverberam. O fim dos grandes impérios derrotados no conflito levou ao redesenho de fronteiras na Europa e no mundo árabe - é impossível entender catástrofes como as sucessivas crises no Oriente Médio ou a Guerra nos Bálcãs sem analisar as consequências imediatas do fim da I Guerra.
A miséria imposta aos russos pelo esforço bélico desencadeou a tomada do poder pelos bolcheviques ainda durante o curso do conflito. Por outro lado, as pesadas multas e indenizações impostas por França e Inglaterra à derrotada Alemanha arruinaram de tal modo a economia do país que deram impulso à ascensão do partido nazista - o que levaria à II Guerra duas décadas depois.