A Polícia Federal (PF) iniciou um inquérito para investigar as duas explosões ocorridas em Brasília que resultaram na morte de um homem na noite de quarta-feira (13). Conforme o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, o caso está sendo tratado como um ato terrorista. As informações são do portal g1.
Duas explosões foram ouvidas na Praça dos Três Poderes por volta das 19h30min de quarta. Primeiro, um carro explodiu no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados. O veículo estava carregado de artefatos explosivos, segundo a polícia. Cerca de 20 segundos depois, houve uma nova explosão, desta vez próximo à sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
O proprietário do veículo, identificado como Francisco Wanderley Luiz, morreu durante o ataque. De acordo com as autoridades, ele foi o autor do atentado.
A Lei Antiterrorismo, em vigor desde 2016, define o ato de terrorismo como "usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa".
O homem residia em Rio do Sul, Santa Catarina, onde concorreu ao cargo de vereador pelo PL em 2020. A PF informou que ele havia alugado "há vários meses" uma casa em Ceilândia, a aproximadamente 30 quilômetros do local das explosões.
No imóvel foram encontrados explosivos do mesmo tipo utilizado na Praça dos Três Poderes. No endereço relacionado ao homem em Rio do Sul, a PF apreendeu um notebook e um pen drive.
A PF e a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) realizaram uma varredura durante a madrugada na área das explosões. Além do inquérito de terrorismo instaurado pela PF, a Polícia Civil do DF também abriu uma investigação sobre o caso.
— O que justifica o inquérito para apurar o ataque terrorista é justamente o cunho político desse ato. Já concluímos a varredura por parte da PF no local onde houve a explosão — declarou o diretor-geral da PF.
Tentativa de entrar no STF
Antes da explosão em frente ao STF, Francisco Wanderley Luiz tentou entrar no prédio. Ele lançou um explosivo sob a marquise do edifício, mostrou a um vigilante que tinha artefatos presos ao corpo, deitou-se no chão e detonou outro explosivo em sua nuca.
A PMDF ainda realizava uma varredura no local na manhã desta quinta-feira (14). Em razão disso, as atividades no Supremo e na Câmara foram suspensas até o meio-dia. O Senado decidiu cancelar o expediente, enquanto o Planalto ainda não havia informado se a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria mantida até o início da manhã.
Reconstituição
Peritos criminais da Polícia Federal irão investigar as explosões usando uma estratégia semelhante à reconstituição de cenário, como na identificação dos crimes de 8 de janeiro de 2023, quando os prédios dos três poderes sofreram ataques golpistas.
Entre os primeiros procedimentos que os peritos da PF devem realizar no local estão a identificação de todos os vestígios, além da análise de imagens da área com ferramentas tecnológicas 3D, para compreender, em detalhes, a dinâmica do ataque.
Os peritos criminais da PF atuarão nas investigações das explosões na Praça dos Três Poderes e no Anexo IV da Câmara dos Deputados. Profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC), especialistas em perícias de locais de crime, bombas e explosivos, foram acionados logo após a ocorrência.
Os vestígios coletados serão analisados para identificar e confirmar o tipo de explosivo utilizado, bem como a possível origem e outras evidências que possam indicar se a ação foi planejada e se houve participação individual ou em grupo.
Em uma postagem nas redes sociais, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, expressou confiança de que a Polícia Federal esclarecerá o caso.
"Já sabemos que foi muito grave o que aconteceu. Já sabemos que o carro com os explosivos pertence a um candidato a vereador do PL de SC. Provavelmente, a perícia vai confirmar que se trata da mesma pessoa que tentou entrar no STF e depois morreu detonando explosivos na área externa do tribunal", afirmou Pimenta.