O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira (15), a paz entre Israel e o grupo terrorista Hamas, durante declaração à imprensa no Cairo, capital do Egito.
— O Brasil está empenhado, e esperamos contar com o apoio do Egito, para que a gente consiga fazer as mudanças necessárias nos órgãos de governança global — disse Lula sobre as instituições multilaterais criadas para ajudar a resolver conflitos como esse. — É preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas e não que fomentam a guerra — argumentou.
Para o presidente brasileiro, essas instituições multilaterais são ineficazes. Lula destacou a importância do apoio do Egito na busca por uma nova geopolítica na ONU e agradeceu ao presidente do país por seus esforços para retirar as pessoas da Faixa de Gaza, onde o conflito se intensificou.
O chefe do Executivo condenou veementemente as ações do grupo terrorista Hamas nos ataques a Israel. No entanto, Lula também criticou as ações de Israel, que está fazendo vítimas:
— Não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel a pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento.
Relação Brasil-Egito
Ao retornar ao Cairo 20 anos após sua primeira visita como presidente, Lula celebrou o centenário do estabelecimento de relações diplomáticas entre o Brasil e o Egito. Ressaltou a importância das relações com o país na estratégia de aproximação do Brasil com nações da África e do Oriente Médio.
Durante as negociações, Lula propôs elevar as relações bilaterais para o nível de parceria estratégica e buscar uma relação comercial equilibrada, visando benefícios mútuos para ambos os países:
— Eu disse ao presidente que nós queremos uma relação comercial de "ganha-ganha", uma relação em que os dois países ganham. O que nós queremos é comprar e vender, vender e comprar, para que o resultado final seja uma balança comercial equilibrada.
O presidente expressou interesse em promover discussões sobre a dívida externa dos países africanos e conta com o apoio do Egito para as iniciativas brasileiras no G20, especialmente para a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, e a Mobilização Global contra a Mudança Climática.
Brics
O presidente Lula disse que trabalhará para a criação de uma alternativa ao dólar nas relações comerciais e de investimentos dos Brics. Ele deu a declaração no Egito, um dos novos integrantes do bloco, ao lado do presidente do país, Abdel Fatah Al-Sisi.
— Atuaremos pela criação de unidade de valor comum nas transações comerciais e de investimentos dos Brics como forma de contornar a dependência mundial de uma única moeda — afirmou o presidente brasileiro.
Essa não é a primeira vez que Lula menciona uma moeda comum dos Brics. Em agosto do ano passado, após reunião do bloco na África do Sul, ele havia confirmado a intenção do grupo de criar esse mecanismo.
Agenda
Ainda nesta quinta-feira e no Cairo, Lula visitará a sede da Liga Árabe. No fim da tarde (13h no horário de Brasília), ele embarca para Adis Abeba, capital da Etiópia. O petista participará de atividades da União Africana na cidade.