Os Emirados Árabes Unidos, enquanto presidentes da última conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), e os sucessores, Azerbaijão e Brasil, anunciaram, nesta terça-feira (13), o início de uma aliança inédita para "melhorar a cooperação e a continuidade" das negociações das conferências climáticas.
Os 198 países signatários do acordo final da COP28, 28ª conferência do clima da ONU, assinado em dezembro no Dubai, instaram as três presidências a trabalharem em conjunto em um roteiro para conter o aquecimento global a 1,5ºC em comparação com a era pré-industrial — o objetivo mais ambicioso definido pelo Acordo de Paris de 2015.
O trio deve "garantir a colaboração e a continuidade necessárias para manter" em vista o limite de 1,5ºC "de Baku a Belém e mais além", segundo o presidente da COP dos Emirados, Sultan al Jaber, citado em um comunicado.
Os compromissos atuais de redução das emissões de gases com efeito de estufa colocam o mundo no caminho para aumentar entre 2,5ºC e 2,9ºC neste século, de acordo com cálculos da ONU. O limiar de 1,5ºC pode ser alcançado entre 2030 e 2035, de acordo com as últimas estimativas do Painel Climático da ONU. Cientistas alertam que cada décimo de grau adicional intensifica e multiplica fenômenos meteorológicos extremos.
Esta aliança, conforme o acordo final da COP28, deve "reforçar consideravelmente a cooperação internacional e o ambiente internacional favorável para impulsionar a ambição no próximo ciclo de contribuições determinadas a nível nacional".
Com essas contribuições, os signatários referem-se aos planos de redução de emissões de cada país, que devem ser revisados antes da COP30 na cidade brasileira de Belém, em 2025.
Financiamento dos países em desenvolvimento
O acordo COP28 apelou, pela primeira vez, à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, mas não fez progressos no desbloqueio de financiamento para os países em desenvolvimento, um grande obstáculo nestas negociações.
A questão é apresentada como tema central da COP29 na capital do Azerbaijão, Baku, que deve estabelecer um novo objetivo na ajuda financeira climática fornecida pelos países desenvolvidos.
Embora com dois anos de atraso, as nações ricas "provavelmente" cumpriram em 2022 a sua promessa inicial de financiar com cerca de 100 mil milhões de dólares a luta contra as mudanças climáticas, conforme calcula a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Mas é insuficiente: de agora até 2030, os países em desenvolvimento, excluindo a China, precisarão de cerca de 2,4 bilhões de dólares anualmente, segundo estimativas de especialistas da ONU.
Para cumprir o limite de 1,5ºC, "será essencial estabelecer um novo objetivo em matéria de financiamento que reflita a magnitude e a urgência do desafio climático", afirmou o presidente da COP29 no Azerbaijão, Mukhtar Babayev.
Ministro da Ecologia e dos Recursos Naturais deste país produtor de petróleo, Babayev apresentou-se como um "construtor de pontes entre o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento".