Levará tempo a melhora expressiva dos serviços da CEEE Equatorial. Este foi o recado repetido, nesta quarta-feira (21), pelo diretor-presidente da concessionária de energia elétrica, Riberto Barbanera, a deputados estaduais.
Em diferentes momentos da reunião da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa, Barbanera prometeu os investimentos necessários na companhia, mas disse que as mudanças dependem de mais tempo e que os recursos estão sendo injetados.
— A gente continua fortalecendo a rede, mas temos muito o que fazer. Muito. É uma questão financeira? Não, não é. Precisa de tempo. Mesmo que trouxéssemos todo o dinheiro do mundo não teríamos condições de trocar 560 mil postes e toda essa rede em dois anos. Há um trabalho por fazer, de longo prazo — disse Barbanera.
Em outro trecho, o presidente da companhia de energia disse que a empresa não está satisfeita com o serviço oferecido aos seus clientes, mas repetiu que levará tempo para reverter o que destaca ser um problema estrutural histórico da concessionária.
— Nós sabemos que não está bom. Um cliente ficar 14 dias sem energia não é a expectativa que temos. Isso muda com investimento, obras estruturantes na concessão. Há que se fazer muitas obras nesta concessão, e nem que aportássemos todo dinheiro do mundo aqui faríamos isso em um ano — argumentou o diretor-presidente da companhia.
O presidente da companhia destacou textualmente que os avanços avaliados como fundamentais não serão concluídos até o fim de 2024.
— Temos ainda um rol de investimentos para fazer, que não serão concluídos em 2024. Eu falei isso lá atrás: é necessário tempo! Vamos investir em 2025, 2026, 2027... seguiremos investindo muito forte — prometeu.
O Grupo Equatorial assumiu o controle da CEEE em julho de 2021, após ser concluído o processo de privatização conduzido pelo governo Eduardo Leite. Conforme o grupo privado, desde então, foi investido R$ 1,7 bilhão na empresa.
Plano de contingência do fim de 2023 ficou obsoleto em janeiro de 2024
A presença do representante da CEEE Equatorial na Assembleia tinha como motivação central o detalhamento do plano de contingência da companhia, isto é, o conjunto de ações para casos de emergência como visto após o temporal de 16 de janeiro.
De acordo com Barbanera, houve um acréscimo de eventos extremos em 2023 na área de atuação da companhia, o que fez a CEEE Equatorial atualizar, em novembro de 2023, o seu plano de contingência. Ainda de acordo com o porta-voz da empresa, o temporal de 16 de janeiro colocou o recém adotado documento à prova, exigindo uma nova atualização, que está em andamento.
— Qual o aprendizado do segundo semestre de 2023? A necessidade de uma revisita ao nosso plano de contingência. Vimos que o nosso plano não era suficientemente capaz de suportar em sua totalidade (os eventos extremos no RS). Colocamos mais equipes em campo, trouxemos mais equipes operacionais, e a gente recebe em 16 de janeiro uma nova tempestade ainda mais agressiva. E o que estamos fazendo agora? Revisitando nosso plano de contingência — disse o presidente da companhia.
Proposta de CPI para investigar CEEE Equatorial
Integrante da Comissão de Defesa do Consumidor, o deputado Miguel Rossetto (PT) usou o seu tempo de perguntas ao representante da CEEE Equatorial para defender a abertura de uma CPI que investigue a atuação das empresas de energia no Estado.
— O sr. representa um grupo que, segundo o ranking da Aneel, ocupa as três piores avaliações da Aneel. O sr. representa um grupo que goza de saúde financeira, mas ocupa as três piores posições no ranking nacional. Na 27ª posição, a Equatorial Goiás, na 28ª posição, a CEEE Equatorial Maranhão, que vocês operam há muito tempo, e a CEEE Equatorial na 29ª posição. Há um padrão de gestão — disse Rossetto.
O deputado Elton Weber (PSB) também criticou a CEEE Equatorial, avaliando que faltou planejamento à companhia. O parlamentar da base aliada do governo, que até o momento é contrário à instalação da CPI, também pediu respeito aos parlamentares que não endossam esse pedido de investigação das empresas de energia.
— Quando a Equatorial comprou a CEEE, faltou planejamento de infraestrutura de forma geral. A maior parte de todo este problema é que a empresa chegou e não teve estrutura até agora para atender a demanda do usuário. E quero registrar que todos os parlamentares têm responsabilidade, independentemente de quem assinou (o pedido de CPI) e quem não assinou — disse Weber.
O deputado Gustavo Victorino (Republicanos) fez questão de destacar que a Equatorial assumiu o controle da CEEE Equatorial há dois anos e meio, e pediu que os parlamentares que cobram explicações da empresa compareçam em atividades como a realizada nesta quarta.
— Tem mais de dez requerimentos na Comissão para tratar deste mesmo assunto. Mas a maioria dos parlamentares que fizeram estes requerimentos não está aqui. O presidente da CEEE Equatorial está aqui para ser questionado, mas os deputados não estão aqui — destacou Victorino.
Conforme registros da Assembleia, deram presença na reunião desta quarta, além dos deputados já citados, o presidente do grupo, Dr. Thiago Duarte (UB), Delegado Zucco (Republicanos), Jeferson Fernandes (PT), Matheus Gomes (PSOL), Sofia Cavedon (PT), Joel Wilhelm (PP) e Silvana Covatti (PP).
CPI não prosperou na Assembleia
Na Assembleia Legislativa, há uma articulação política para abrir uma CPI da Energia Elétrica, capitaneada pelo deputado Miguel Rossetto (PT), parlamentar da oposição. São necessários 19 apoios para instalar a comissão, contudo, há três semanas os articuladores da medida não conseguem a última assinatura necessária para garantir a investigação parlamentar.
Para barrar a CPI, até agora com sucesso, o governo do Estado tem articulado uma segunda proposta de apuração, com a formação de uma comissão especial sobre o tema. A proposta, contudo, também não atingiu, até o momento, as 37 assinaturas necessárias.