O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a Cúpula do Mercosul no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (7), em meio à escalada do conflito envolvendo a Venezuela e a Guiana e propôs uma declaração em defesa da paz.
— Estamos acompanhando com preocupação a situação no Essequibo. O Mercosul não pode ficar alheio. Não queremos e não precisamos de mais guerra, ainda mais no nosso continente. Temos que construir a paz para poder melhorar a vida das pessoas — destacou o petista acrescentando que esse tema não deve "contaminar" a agenda da integração regional, que tem sido defendida pelo Brasil durante a Cúpula do Mercosul.
O governo de Nicolás Maduro, após referendo, reivindica a área de Essequibo para ser anexada ao território venezuelano. Na quarta-feira, Maduro chegou a apresentar um "novo mapa" onde consta a área, que é rica em petróleo, como integrante da Venezuela.
De acordo com o presidente, o governo brasileiro está a disposição para sediar quantas reuniões de negociação forem necessárias entre Guiana e Venezuela. Lula defendeu ainda que seja aprovada uma minuta de declaração dos membros do bloco sobre a disputa entre Venezuela e Guiana.
O presidente sugeriu ainda que a Celac, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, deve dialogar com os dois lados do conflito e se colocou à disposição para receber as reuniões em Brasília. "Vamos tratar esse assunto com muito carinho porque o que não queremos na América do Sul é guerra, não precisamos de conflito, precisamos construir a paz", disse.
Na quarta-feira (6), no encontro de autoridades que antecedeu a Cúpula, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira defendeu a importância do bloco para a manutenção da paz no continente.
— Num mundo conturbado por tantos conflitos, é sempre importante lembrar a contribuição do Mercosul para que a América do Sul constitua hoje a zona de paz mais extensa do mundo — disse o chanceler, que logo depois se reuniu com Lula e com o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim.
Aumento da tensão
A disputa por território na fronteira Norte do Brasil aumentou a tensão na América do Sul nesta semana, após o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ter ordenado a criação do Estado da Guiana Essequiba e montou um plano de exploração de petróleo para área de 160 mil quilômetros quadrados. O território equivale a 75% do território do país vizinho.
O encontro dos líderes do bloco coincide com uma escalada da tensão entre Venezuela e Guiana pela disputada região, e que levou o Exército brasileiro a reforçar a sua presença militar na fronteira com os dois países vizinhos.
Segundo Lula, a declaração adotada no último dia 22 de novembro, na reunião de diálogo entre os ministros da Defesa e das Relações Exteriores da América do Sul em Brasília, “reafirma a região como uma zona de paz e cooperação.
— O que nós precisamos construir é a paz. Só com a paz podemos desenvolver os nossos países. Não queremos que esse tema contamine a retomada do processo de integração regional ou constitua ameaça à paz e à estabilidade.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tem repetido há dias que seu governo irá recuperar o Essequibo, uma região em disputa que representa mais de 70% do território da vizinha Guiana.