A cabo da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Marcela da Silva Morais Pinno disse nunca ter visto manifestação tão violenta e agressiva como a dos vândalos que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), nesta terça-feira (12), a soldado — que foi promovida a cabo por atos de bravura depois ter colaborado para a repressão aos atos golpistas — afirmou ter percebido que alguns dos vândalos atuavam de forma organizada, insuflando os demais a avançarem contra os prédios públicos da Praça dos Três Poderes.
Marcela Pinno atuou na linha de frente no dia da invasão. Em meio à confusão, ela foi jogada da cúpula do Congresso Nacional, de uma altura de aproximadamente três metros, e agredida pelos manifestantes.
Na sequência, disse que foi arrastada e alguns manifestantes tentaram roubar a arma dela.
— Nunca vi uma manifestação tão agressiva. Foi muita violência — disse a policial.
Ela conta que teve o capacete amassado por um golpe com uma barra de ferro.
— Naquele momento, vi que não eram manifestantes. Eram vândalos — acrescentou.
Atuação orquestrada
Perguntada se houve atuação orquestrada, a policial disse que, próximo a ela, “alguns estavam tentando fazer com que os outros avançassem”, e que “eles estavam organizados sim”.
Marcela Pinno acrescentou que alguns dos criminosos usavam luvas e máscara de proteção contra produtos químicos.
Durante o depoimento, o deputado Rogério Correia (PT-MG) citou documento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que alertava sobre presença (no acampamento em frente ao Quartel General de Brasília) de grupos com discursos de ruptura constitucional formados por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) e pelos chamados “boinas vermelhas” — grupo de extremistas que se identificam como militares da reserva de brigadas de paraquedistas do Exército brasileiro.