O deputado federal Yury do Paredão (CE) foi expulso do PL após fazer reiterados apoios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seja em fotos ao lado dele, seja fazendo o "L". A decisão foi tomada pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que se reuniu com o parlamentar na manhã desta quinta-feira (20).
Na segunda-feira (17), Costa Neto anunciou a abertura do processo no diretório estadual. O presidente da legenda no Ceará, Acilon Gonçalves, devolveu o pedido e informou que a decisão caberia ao presidente nacional.
Mesmo depois da pressão, Yury continuou sinalizando apoio ao governo: fez propaganda do projeto Desenrola, elaborado para limpar o nome de brasileiros endividados, elogiou a volta do Minha Casa Minha Vida e se posicionou sobre a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara. "Estou otimista em relação ao futuro e às transformações positivas que essas iniciativas podem trazer para o País", escreveu nas redes sociais.
Na tarde desta quinta-feira, Yury e Valdemar comunicaram a decisão. "Recebi na sede do PL Nacional o deputado Yury do Paredão, do Ceará, a quem reafirmei que será expulso do partido por não comungar dos ideais de nossa legenda", escreveu Valdemar.
"Respeito a decisão do presidente. E agradeço a oportunidade dada na eleição de 2022. Sigo como deputado federal, defendendo a democracia, fazendo política com diálogo, respeito, sem radicalismo, com tolerância, e defendendo as ações dos governos que tragam melhorias para o povo brasileiro", afirmou o parlamentar cearense poucos minutos depois.
A decisão é resposta a uma pressão da ala bolsonarista do partido que acredita que a legenda precisa representar a direita conservadora que elegeu a maior bancada da Câmara, com 99 deputados. Parlamentares como Ricardo Salles (PL-SP) já fizeram críticas públicas às repetidas aproximações do PL ao Centrão.
Ao longo do primeiro semestre do ano, Yury fez repetidos acenos ao governo Lula, destacando boas notícias da atual gestão e se aliou a petistas no Ceará. A tensão entre o deputado e os correligionários começou em maio, quando ele publicou uma foto ao lado de Lula e do ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Estado.
O episódio rendeu uma indireta do deputado André Fernandes (PL-CE), um dos mais contundentes bolsonaristas na Câmara e no Ceará. "Deputado do PL que posa ao lado do maior ladrão da história do Brasil em foto tem que ser expulso imediatamente do partido. Quem tem "honra" em receber Lula, não tem honra para permanecer no nosso partido", escreveu Fernandes.
Mesmo após o episódio, Valdemar decidiu mantê-lo na legenda e Yury continuou com os acenos ao governo. Ele votou, por exemplo, favoravelmente à medida provisória (MP) dos Ministérios, contra a orientação do partido.
Ele também viajou ao lado dos ministros Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Paulo Pimenta (Comunicação Social) para inaugurar um novo sistema da transposição do rio São Francisco em Salgueiro (PE). Lá, apareceu em fotos e fez o "L" com os ministros.
Yury manterá o mandato de deputado mesmo expulso por decisão da legenda e poderá migrar para outro partido. Com a saída, ele perde a capacidade de participar de comissões que o PL o indicou. Ele é titular na Comissão de Turismo e na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos esquemas de pirâmide, e suplente na Comissão de Finanças e Tributação.