O empresário e corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto negou à Polícia Federal (PF) ter hostilizado ou agredido o ministro do Alexandre de Moraes, Supremo Tribunal Federal (STF), em Roma, na Itália, na última sexta-feira (14). Zanatta prestou depoimento neste domingo (16) na delegacia de Piracicaba, interior de São Paulo.
Além de Zanatta, outras duas pessoas da mesma família são suspeitas de terem hostilizado Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em nota, a família confirmou que houve um "desentendimento verbal" com dois integrantes da comitiva de Alexandre de Moraes. O Estadão apurou que seriam o filho do ministro e a namorada do rapaz.
Na versão do empresário Roberto Mantovani Filho e da mulher dele, Andréa Munarão, suspeitos de terem hostilizado Moraes, ambos foram confundidos com outros brasileiros que teriam ofendido o ministro. "Dessa confusão interpretativa nasceu desentendimento verbal entre ela e duas pessoas que acompanhavam o ministro", informou a família.
A nota diz ainda que a discussão ficou "acalorada" e Mantovani "precisou conter os ânimos" de um jovem que teria ofendido sua mulher.
"Em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças ao ministro Alexandre, que casualmente passou por eles nesse infeliz episódio. Mesmo assim, se desculpam pelo mal entendido havido, externando o veemente respeito que nutrem pelas autoridades públicas, extensivo aos seu familiares", disse a nota.
Alex Zanatta, Roberto Mantovani e Andréa Munarão foram apontados pela polícia como os responsáveis pelo episódio de hostilidade e agressão. O filho de Alexandre de Moraes, um advogado de 27 anos, teria recebido um tapa no rosto de Mantovani. Durante a confusão, uma pessoa próxima ao ministro fez fotos do grupo. As imagens e os relatos da chegaram para a Polícia Federal em São Paulo, que abordou os brasileiros no aeroporto de Guarulhos (SP).
Segundo a PF, a confusão começou quando Andréa passou a xingar Alexandre de Moraes de "bandido, comunista e comprado", termos que costumam ser usados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra integrantes da Suprema Corte. Na sequência, o marido dela teria reforçado os xingamentos agredido fisicamente o filho do ministro. Alex Zanatta teria se juntado aos dois usando palavras de baixo calão contra o ministro.
O advogado Tórtima Filho contou que o Zanatta disse à Polícia Federal que "não participou do início do problema, da discussão". Segundo o advogado, o corretor "foi chamado quando a situação praticamente já estava contornada, resolvida" e não agrediu ou ofendeu ninguém.
— Ele deixou claro que não fez qualquer ofensa ao ministro e também que os demais familiares do sr. Roberto (Mantovani), inclusive, ele, negaram as ofensas que foram ventiladas — contou Tórtima Filho.
Tórtima, porém, confirmou que houve um cenário de hostilidade, mas reiterou que o corretor não se envolveu. O advogado afirmou que a família acredita que "tudo tenha sido fruto de uma confusão". Mantovani, o genro, os filhos e outros parentes passaram pelo local onde Moraes estava e teriam sido confundidos com passageiros que ofenderam o ministro.
— Quando o ministro chegou para ingressar nessa sala VIP, havia realmente pessoas que chegaram a proferir ofensas, mas não familiares do meu cliente. Eles estavam apenas passando na hora — declarou Tórtima Filho.
— Em razão disso, uma moça que estava na comitiva do ministro acabou direcionando, trocando ofensas com a esposa do Roberto, com a Andreia. Depois disso, veio um moço do mesmo grupo do dr. Alexandre e também, em solidariedade a essa moça, proferiu ofensas à Andreia. Nesse momento, na presença do Roberto — completou.
O caso está sendo investigado em sigilo. Mantovani e a mulher, Andreia, devem prestar depoimento na próxima terça-feira (18) à Polícia Federal, em Piracicaba.
Em razão do ofício, Alexandre de Moraes costuma ter a segurança pessoal, no Brasil e no Exterior, garantida por policiais do STF. A Corte não informou se o ministro estava sob escolta no momento da confusão.
Moraes estava acompanhado por familiares no aeroporto internacional de Roma, na Itália. O ministro retornava da Universidade de Siena, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito. De lá, ele seguiu para outros compromissos na Europa e ainda não voltou ao Brasil.