O sexto a votar no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que deve tornar Jair Bolsonaro inelegível até 2030 foi o ministro Kássio Nunes Marques. Indicado pelo próprio Bolsonaro a vaga no Supremo Tribunal Federal, o ministro votou pela absolvição do ex-presidente, mas abriu sua fala com o que chamou de premissa fundamental na análise da ação.
— O sistema eletrônico de votação brasileiro não é apenas um sistema confiável de apuração de votos, mas a pedra angular de nossa democracia — afirmou, registrando discordância em relação ao ex-presidente a respeito das urnas eletrônicas.
Em seguida, no entanto, esclareceu que o julgamento trata da reunião de Bolsonaro com embaixadores, e não do sistema eleitoral:
— O objeto deste julgamento não é, sob nenhuma hipótese, o sistema eletrônico de votação.
Com o voto de Nunes Marques, o placar no julgamento ficou em 4 a 2 pela condenação, restando somente o voto do presidente do TSE, Alexandre de Moraes.
Marques reconheceu que Bolsonaro reiteradamente critica o sistema eletrônico, mas lembrou que não foi o ex-presidente quem iniciou o debate sobre o voto impresso, que já foi tema até de duas leis aprovadas no Congresso, sendo a mais recente considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
— Com mais ou menos ruído, o debate sobre impressão do voto é uma discussão quase tão antiga quanto a própria urna eletrônica.
Ao fazer este registro, o ministro externou sua posição sobre o suposto abuso de poder político da reunião que é tema do processo:
— Considero que a atuação de Jair Messias Bolsonaro no evento sob investigação não se voltou a obter vantagens sobre os demais contendores no pleito presidencial de 2022, tampouco faz parte de tentativa concreta de desacreditar o resultado da eleição.
Também está sendo julgado o candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro na eleição de 2022, Walter Braga Netto. Nunes Marques afirmou que não há no processo qualquer elemento que ligue ele ao fato julgado. Até aqui, há unanimidade no TSE pela inocências de Braga Netto.