O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira (27) para transformar mais 200 denunciados em réus na investigação sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e amplamente depredadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Edson Fachin, e Luís Roberto Barroso acompanharam integralmente o voto do relator dos inquéritos sobre o caso no Supremo, ministro Alexandre de Moraes. O placar está 6 a 0. Faltam votar ainda os ministros Gilmar Mendes, André Mendonça, Kássio Nunes Marques e Rosa Weber, presidente do STF.
O recebimento dessas 200 denúncias está sendo julgado em plenário virtual, em que os votos são depositados eletronicamente, sem deliberação presencial. A sessão começou na terça-feira (25) e segue até as 23h59min da próxima terça (2).
Uma primeira leva com cem denúncias foi aceita na semana passada, por 8 votos a 2. Somente os ministros André Mendonça e Kássio Nunes Marques divergiram dos demais. Eles foram os únicos que defenderam que as denúncias deveriam ser julgadas pela primeira instância da Justiça Federal.
No voto desta semana, Moraes ressaltou que os envolvidos nos atos de 8 de janeiro tentaram “destruir o regime democrático e suas instituições, pregando a violência, pleiteando a tirania, o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos”.
Uma nova leva de 250 denúncias está marcada para ser julgada na próxima semana, em sessão virtual prevista para a meia-noite da próxima quarta-feira (3).
Ao todo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou 1.390 acusações formais ao Supremo, todas contra pessoas que participaram diretamente dos atos de vandalismo ou que incitaram a violência. Até o momento, ninguém foi denunciado por financiar ou idealizar os atos golpistas.
A situação é inédita para o Supremo, que nunca tinha se debruçado sobre tantas denúncias simultâneas sobre um mesmo caso. As sessões virtuais foram a maneira encontrada por Moraes e pela presidente do Supremo para lidar com tamanho volume de pessoas processadas. A medida, contudo, tem sido criticada por advogados.
A previsão é de que o eventual recebimento de todas as denúncias seja apreciado até junho. Em seguida, deve ter início a fase de ação penal, com nova instrução processual e possível produção de novas provas e coleta de novos depoimentos, inclusive a pedido das defesas. Não há prazo definido para o julgamento final.