O PL apresentou, nesta quinta-feira (13), uma representação ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados acusando o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) de quebra de decoro parlamentar por importunar sexualmente a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) na tarde de terça-feira (11), durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.
"A deputada Júlia Zanatta foi abordada pelo representado com comportamento inadequado e inaceitável, em ato claro e incontestável de natureza abusiva com contornos de importunação sexual e ainda violência política contra a mulher", afirma o PL.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) receberá a representação e poderá encaminhá-la para o Conselho de Ética.
O episódio foi divulgado por Júlia nas suas redes sociais no começo da tarde de quarta-feira (12). Ela publicou uma sequência de fotos nas quais é possível ver Jerry se aproximar dela pelas costas. "Nunca dei liberdade para esse deputado e nem sabia qual era o nome dele. Se fosse uma deputada de esquerda e um deputado de direita: já sabem né?"
Instantes depois, o deputado divulgou um vídeo, também nas redes sociais, que corresponderia ao mesmo momento das fotos. Ele disse que interveio porque Júlia "estava abordando de forma extremamente agressiva a deputada Lídice da Mata (PSD-BA)".
No momento em que aproxima o rosto de Júlia, Jerry afirma que disse "é uma deputada com 40 anos de mandato, respeite". Ele nega que tenha cometido qualquer crime e afirma que foi vítima de uma fake news.
A sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da terça-feira foi encerrada por causa de um tumulto generalizado entre os parlamentares.
A reportagem procurou a deputada Lídice da Mata, que também aparece no vídeo. A parlamentar afirma que estava no fundo do plenário e se envolveu em uma acalorada discussão com outros deputados bolsonaristas. Júlia, então, teria vindo em direção a ela.
— Ela virou para mim, de dedo em riste, "homem não pode mandar ficar calma, não? Pois então eu posso, eu sou mulher" — disse Lídice.
Há pouco mais de um mês, a liderança do PT na Câmara representou contra Júlia no Supremo por causa de uma foto que ela publicou nas suas redes sociais. Ela estava segurando uma arma, enquanto vestia uma camiseta com o desenho de uma mão com nove dedos perfurada com balas, o que foi lido como uma alusão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).