Colhidos 58,2 milhões de votos no segundo turno, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu a eleição, mas deixou a marca inconteste de um líder de massa. Somados os fatos às bancadas eleitas ao Congresso no primeiro turno, com vários bolsonaristas obtendo vitórias importantes, a conclusão é de que a direita brasileira, também chamada de “nova direita” por conta da adesão de extremistas, sai viva e pulsante, apesar da derrota no pleito presidencial para a aliança centro-esquerdista de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No contexto político, a volta do petista ao Palácio do Planalto, o distanciamento de Bolsonaro após o revés, o desencanto de seguidores radicais que clamavam por uma intervenção das Forças Armadas e a debandada do ex-presidente para os Estados Unidos, sem data exata para voltar, abriram a discussão sobre o futuro e a liderança da direita. Existe a chance de pulverização, hipótese reforçada após os atos golpistas de 8 de janeiro. Bolsonaro não repreendeu as aglomerações antidemocráticas que pediam golpe militar em frente aos quartéis, catapultas para as invasões e depredações das sedes dos Três Poderes.
A participação do fiel aliado e ex-ministro da Justiça Anderson Torres no episódio, desta vez como um ausente e supostamente omisso secretário da Segurança Pública do Distrito Federal, e a descoberta de uma minuta golpista na casa dele foram fatos que respingaram em Bolsonaro. Torres está preso e o ex-presidente foi arrastado para dentro da crise em 10 de janeiro, dois dias após as invasões, quando postou em redes sociais um vídeo contendo teoria da conspiração que coloca em dúvida o resultado da eleição de 2022.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a inclusão de Bolsonaro no inquérito que apura os atos golpistas, o que foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de o vídeo ter sido apagado horas depois, a PGR quer investigar se o ex-presidente incitou a prática de crimes contra a democracia com a postagem. Essa e outras inquirições em curso podem torná-lo inelegível para o pleito presidencial de 2026. Essa possibilidade deflagraria uma batalha ainda maior pelas rédeas da direita. Bolsonaro segue como principal liderança carismática do espectro e, em caso de inelegibilidade, será aberta uma disputa entre os políticos emergentes pelo seu apoio, de olho na transferência da massa de votos. Nesse cenário, a tendência é de que o eventual apadrinhado por Bolsonaro leve vantagem.
O deputado federal tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS) destaca a reação elaborada pela direita sobre o 8 de janeiro: a tentativa de instalar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o episódio. Parlamentares dizem que o número de assinaturas exigidas para a criação de uma CPMI foi alcançado, mas o início dos trabalhos depende de trâmites políticos e burocráticos que passam pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e indicações de membros pelos líderes partidários.
– O Flávio Dino (ministro da Justiça e Segurança Pública) precisa responder o porquê de não ter feito nada, se ele já tinha a informação de que ocorreria este problema. Já tinha mais de uma semana de gestão federal – afirma Zucco.
A estratégia é tirar do colo da direita bolsonarista todo o desgaste político pelo episódio. Para o deputado, mais votado dentre os candidatos gaúchos à Câmara, a direita permanece “muito alicerçada” sob a figura de Bolsonaro. Ele rejeita a avaliação de que o ex-presidente sofreu abalo no prestígio após as invasões dos Três Poderes.
– Sequer estava no país, não participou de nada desse evento. São apenas narrativas que servem para a esquerda – declara Zucco.
Já o cientista político Carlos Borenstein avalia que o 8 de janeiro desgastou a imagem do ex-presidente, sobretudo com setores da direita que apoiam as agendas reformistas e de enxugamento do Estado, mas discordam de extremismos e da subversão da democracia.
– Bolsonaro se mantém como o grande antagonista do Lula. Ele consegue mexer com muitos sentimentos e valores, mas há um desgaste por conta dos atos. O campo da direita está em aberto – avalia Borenstein.
Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), despontam como nomes que podem guiar parte do espectro e disputar a Presidência em 2026. O ex-vice-presidente e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), pela ala militar, é outro que se coloca no tabuleiro. O pronunciamento dele no dia 31 de dezembro em rede nacional, na condição de presidente em exercício, no último dia do mandato, foi interpretado como uma disputa pelas rédeas. Mourão criticou indiretamente o silêncio de Bolsonaro após a derrota nas urnas, enquanto apoiadores suplicavam por golpe às portas dos quartéis, jogando aos militares a responsabilidade por uma medida inconstitucional. Outro nome citado é o do ex-juiz e senador Sergio Moro (UB-PR), que busca se posicionar como antagonista de Lula.
– Bolsonaro saiu do governo bem avaliado (39% de bom e ótimo, segundo o Datafolha), mas teremos de reconquistar pessoas. Vejo três nomes, por hierarquia: Bolsonaro, Zema e Tarcísio – diz o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS).
Liderança que saiu fortalecida das urnas, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) manifesta convicção de que Bolsonaro, a quem chama de “líder legítimo”, se manterá na vanguarda direitista.
– Não tem como tirar dele. O carisma e a luta vêm de décadas. Muitos dos citados agora eram anônimos quando ele já aparecia. O que eu vejo é uma coalizão. Esse grupo se reunirá na órbita de Bolsonaro e a direita vai se reorganizar – avalia Damares.
Pastora e ex-ministra, ela entende que o segmento evangélico, uma das bases do bolsonarismo, seguirá majoritariamente fiel ao ex-presidente.
– Temos um trabalho dentro da igreja muito consolidado. As pessoas têm a compreensão de que Bolsonaro representa muito das nossas aspirações. Os evangélicos seguem marchando com Bolsonaro ou alguém que ele venha a indicar no futuro – afirma Damares.
A forma como o ex-presidente saiu do Brasil rumo às férias na Flórida, ainda no derradeiro exercício do mandato, com o uso de recursos públicos e pouco falante, suscitou dúvidas sobre a sua disposição em seguir liderando o campo da direita. Nas últimas semanas, ele retomou agendas públicas e uma rotina de manifestações nas redes sociais. Nos Estados Unidos, em um evento, declarou sobre a Presidência da República: “Missão não acabou ainda”, em sinalização de que se manterá com aspirações no jogo político.
– O futuro de Bolsonaro está definido. Ele vai ser o presidente de honra do partido, vai ter uma sala especial quando voltar e será o líder da oposição – confia o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS).
Contudo, dentre analistas que não descartam seu afastamento no futuro, ainda que forçado por uma possível inelegibilidade, a avaliação é de que o sucessor do ex-presidente poderá ser o filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Seria uma alternativa para manter a liderança e o poder dentro do clã.
– Ele tem articulações globais que transcendem o Brasil. Entre os filhos, é o mais credenciado, em que pesem críticas sobre o radicalismo. Carlos é vereador, teria um caminho a construir, e Flávio tem desgastes por conta das investigações do esquema de rachadinha – avalia Borenstein.
Mais recentemente, despontou o nome da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como uma aposta eleitoral, em iniciativa orquestrada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Michelle foi ativa na campanha de 2022 e conta com a simpatia de setores da direita, sobretudo os conservadores e os evangélicos. Enquanto Bolsonaro segue no Exterior, Michelle voltou ao Brasil e foi anunciada presidente do PL Mulher. Uma das atribuições dela no cargo será percorrer o Brasil e fazer reuniões em grandes cidades, trazendo mais filiadas ao partido. É uma tarefa que garantirá visibilidade e articulação.
Nos bastidores políticos, os comentários são de que Michelle é um plano de Valdemar e que o lançamento dela a voos altos enfrentaria oposição dos filhos de Bolsonaro dos casamentos anteriores, principalmente de Carlos. A senadora Damares, que percorreu o Brasil ao lado de Michelle no segundo turno da eleição presidencial em eventos voltados ao público feminino e evangélico, diz que a ex-primeira-dama “não fala” sobre aspirações eleitorais.
– Ela nunca desejou cargo eletivo. Em quatro anos tudo pode mudar, mas insisto em dizer que nosso líder é Bolsonaro – afirma Damares.
Além dos evangélicos, outro pilar de sustentação do bolsonarismo é o que ficou conhecido como ala ideológica, ou “olavetes”, em referência ao falecido ideólogo da extrema direita brasileira Olavo de Carvalho. Esse núcleo produz farto conteúdo digital, por vezes de teor conspiratório e falso, que influencia a massa de seguidores.
– Os principais influenciadores bolsonaristas permanecem na mobilização extremista e leais à família Bolsonaro – afirma Michele Prado, pesquisadora dos movimentos da direita radical.
DOS EVANGÉLICOS AOS MILITARES
Terceiro pilar do bolsonarismo, a ala militar é a mais crítica à forma de governar do ex-presidente. O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, que chegou a ser ministro-chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro, tem apontado que a direita precisa se livrar da influência do ex-capitão do Exército.
– A direita vai ter de se reorganizar depois do estrago que sofreu por conta de Bolsonaro. É um populista que, para compensar o despreparo, optou por um show de mídia. Ele destruiu a direita. A direita é composta por gente equilibrada, que respeita as instituições e sabe conviver com a diversidade de pensamento. É conservadora, mas aceita as mudanças necessárias – avalia Santos Cruz.
O Brasil se tornou “um país doente”, ele diz. E prossegue: – O populismo irresponsável deixou algumas marcas, como o investimento no fanatismo, a manipulação da opinião pública e a imoral exploração da religiosidade com fins eleitorais.
A relação com parte dos militares ficou mais azeda após o silêncio de Bolsonaro ante apoiadores que pediam golpe nos quartéis. A interpretação é de que a postura foi um incentivo velado e que, a partir do fracasso, o desgaste pela frustração recaiu sobre as Forças Armadas. Em seu pronunciamento de Ano-Novo, Mourão afirmou: “Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e desagregação social e, de forma irresponsável, deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação e, para outros, por fomentar um pretenso golpe”.
Filhos de Bolsonaro, Eduardo e Carlos reagiram nas redes sociais, o segundo se valendo inclusive de ofensas. À reportagem de ZH, passada a altercação, Mourão afirmou que seguirá atuando como aliado.
– Não resta dúvida de que o ex-presidente encarna a liderança carismática, capaz de galvanizar a massa. Julgo que a direita buscará se apresentar unida em torno daquele que tiver condições de vencer a eleição e que, hoje, é Bolsonaro – afirma Mourão.
O pronunciamento dele ainda como presidente em exercício, em rede nacional, soou trepidante no bolsonarismo, caracterizado pela premissa da fidelidade absoluta. A manifestação caiu mal até entre políticos de trajetória atrelada a do ex-vice-presidente.
– Eu fiquei surpreso com a fala dele e não concordo – diz Zucco.
O deputado federal de primeiro mandato afirma estar seguro sobre o retorno de Bolsonaro para que os parlamentares alinhados sejam reunidos, com a organização de uma “oposição forte e responsável”.
– Vamos conversar sobre as melhores ações para a oposição. O Brasil quer solução. Não só disputa – afirma Zucco, também originário da ala militar.
No Senado, Mourão buscará se consolidar como referência da oposição a Lula, mas deverá ter a concorrência de outros nomes de peso, a começar pelo senador e ex-ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho (PL-RN), derrotado na disputa pela presidência da Casa, que ficou novamente com Pacheco.
NOMES MAIS MODERADOS
A possível pulverização de lideranças da direita passa pelas ascensões de Romeu Zema, reeleito em primeiro turno em Minas Gerais, e de Tarcísio de Freitas, que governa a maior economia do país após o fim da dinastia tucana. O senador Sergio Moro, que chegou a registrar cerca de 10% das intenções de voto em pesquisas à Presidência, também está no páreo. Os três são apontados por observadores como lideranças que podem receber apoio de setores que votaram em Bolsonaro mesmo não sendo “bolsonaristas raiz”, guiados pelo antipetismo. Zema, Tarcísio e Moro são vistos como mais moderados em comparação com Bolsonaro e, por isso, podem agradar ao mercado financeiro, liberais e grupos da direita não radical.
– Zema é o líder mais bem testado e vai ser um fortíssimo candidato a presidente na próxima eleição. Teve muita gente da direita, mas também do centro ao lado dele. Vejo a possibilidade de ele ser o futuro presidente da República – diz o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS).
Contra Zema, pesa o fato de ele ser de um partido pequeno que sequer atingiu a cláusula de barreira. O apelo carismático pode ser outro entrave para o governador mineiro. É um fator importante no eleitorado brasileiro, com histórico de culto à personalidade.
– Zema é um nome interessante, mas falta carisma. É quase uma sopa de hospital – provoca Bibo.
Liderança emergente do bolsonarismo, Tarcísio tem como atributo a fama de ser um quadro técnico e vem atuando como republicano. Já se reuniu com Lula em diferentes ocasiões, ancorado na máxima de que a eleição acabou e, agora, os empossados devem trabalhar pelo bem comum. O mais recente desses encontros ocorreu em 20 de fevereiro, quando Lula e Tarcísio atuaram conjuntamente, em ambiente cordial, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, atingido por fortes chuvas que causaram deslizamentos de terra e várias vítimas fatais. O comportamento do governador paulista, nesse cenário, ajuda a afastá-lo da imagem da direita radical intolerante com os divergentes.
Soma-se o fato de Tarcísio ter caído no gosto do bolsonarismo – ao menos na condição de aliado fiel enquanto ministro da Infraestrutura. Se obtiver sucesso na gestão, liderando o maior Estado brasileiro em aspectos populacionais e econômicos, passará a ser candidato natural à Presidência.
Moro tem capital político ainda dos tempos em que era juiz da Operação Lava-Jato, em Curitiba, e prendeu políticos e empresários de proa. Contudo, analistas dizem que é preciso considerar os seus reveses, como as mensagens que sugeriram complô entre ele e procuradores do Ministério Público Federal (MPF) para condenar alvos da Lava-Jato, o rompimento conturbado com o bolsonarismo ao deixar o Ministério da Justiça e a desistência de concorrer à Presidência em 2022. Além disso, o fato de ser quase monotemático: toca como disco arranhado o tema da corrupção, quando essa agenda perdeu espaço para questões econômicas, sociais, de gênero e climáticas.
– Moro precisaria de um fato novo, um escândalo de corrupção que leve a discussão para essa agenda. Caso contrário, ele pode ficar com o discurso esvaziado – avalia Borenstein.
O cientista político faz outra reflexão: se fizer um segundo governo bem avaliado no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) poderá ganhar a preferência de liberais clássicos, moderados e reformistas que apoiaram Bolsonaro ancorados no emblema do ex-ministro da Economia Paulo Guedes. A tendência é de que Leite amplie a visibilidade e o capital político por ter assumido a presidência nacional do PSDB.
DIREITA VERSUS JUDICIÁRIO
Setores da direita sinalizam que seguirão investindo no enfrentamento ao Judiciário, o que defendem ser uma cruzada pela liberdade de expressão. A articulação de uma CPI para apurar eventuais abusos de autoridade e o impeachment de ministros do STF poderão alçar novas lideranças. Para atingir esses objetivos, apostaram na conquista da presidência do Senado, casa em que são analisados os pedidos de cassação dos magistrados. Contudo, foram derrotados por Pacheco, que teve o apoio do governo Lula.
– Tarcísio e Zema são os nomes mais prováveis (como alternativas para o futuro da direita), mas devemos manter atenção nos recém-eleitos para o Congresso. Pedidos de impedimento do ministro Alexandre de Moraes irão surgir com frequência. Caso algum parlamentar tenha sucesso na tentativa, seu nome irá despontar como liderança da extrema direita. O antipetismo, hoje, caminha junto à rejeição brutal à separação dos poderes – diz Michele Prado.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) criticou a manutenção da estratégia de enfrentamento com o STF e disse que buscar o impedimento de magistrados passou a ser inútil, considerando que Lula indicaria o substituto. Integrante do núcleo fiel do bolsonarismo, Zambelli considerou que Bolsonaro “deveria estar aqui (no Brasil) para liderar a oposição”. A parlamentar opinou que a direita “tem que ter quatro, cinco alternativas” para a disputa presidencial em 2026, citando o próprio Bolsonaro, Michelle, os filhos de Bolsonaro e Tarcísio. Além de ter transformado a deputada em alvo de ataques, o debate em público indica que, após a derrota, o bolsonarismo carece de coesão.
A retórica de Bolsonaro teve como pilares, entre outros, o antipetismo, a pauta dos costumes, do cristianismo, do patriotismo e da liberdade de discurso. Personalidades ouvidas pela reportagem avaliam que o futuro da direita depende da ampliação ainda maior desse leque.
– A direita precisa ir além desse sentimento de antipetismo e mostrar para o grupo de indecisos que as nossas ideias, princípios e valores são aqueles capazes de construir um país mais igual, justo, desenvolvido, com emprego e renda – afirma Mourão.
Santos Cruz é mais contundente ao comentar: – Não é só com discurso midiático de antipetismo, costumes e liberdades individuais que a direita vai se reerguer. Ela precisa propor soluções para os problemas nacionais e ser mobilizada por lideranças que não sejam embusteiras.
Pelo menos um fator do futuro da direita nacional não está diretamente sob o seu controle: o eventual êxito do governo Lula 3. Caso o atual presidente, junto de sua coalizão com o centro, consiga dissolver entraves nacionais, sobretudo na economia, a tendência é de que ele desinfle, ao menos parcialmente, a verve da oposição.
*Colaborou Humberto Trezzi