Uma das principais bandeiras assumidas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seu terceiro mandato é o combate à fome. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias falou sobre propostas do governo para lidar com a mazela social, que vem afetando um contingente cada vez maior de brasileiros. Somente entre 2018 e 2020, cerca de 9 milhões passaram a conviver com insegurança alimentar grave no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No total, o problema atinge 33 milhões de brasileiros, entre os quais 1,6 milhão de gaúchos. Se consideradas as pessoas que sofrem com algum grau de insegurança alimentar, o número chega a 112 milhões — mais da metade da população —, conforme o IBGE.
Segundo Dias o combate à fome no Brasil vai depender de resgatar e reestruturar projetos como o Bolsa Família, além de outros que foram extintos, modificados ou perderam recursos de forma drástica nos últimos anos. O primeiro movimento, no entanto, será identificar e mapear as pessoas afetadas.
— A primeira prioridade é um busca ativa, como a gente chama. Em que possamos ir atrás dessas pessoas, onde estiverem, para garantir a condição de uma renda mínima e a partir daí a condição da alimentação e outras necessidades — disse, afirmando que a gestão Bolsonaro deixou de aportar recursos aos municípios para rastreio e cadastramento das famílias no CADÚnico.
Questionado sobre a manutenção de medidas como o empréstimo consignado vinculado ao Auxílio Brasil, Dias afirmou que acha necessário rever o sistema, que, para ele, cobra "juros extorsivos" e gerou insegurança jurídica.
— Se você faz um empréstimo que vai comprometer 40% da renda dessa pessoa, ela já não receberá mais R$ 600, ela vai receber R$ 600 menos cerca de R$ 240, R$ 250 de desconto da parcela do empréstimo. Os juros muito altos, muito acima dos praticados pela rede bancária. Ou seja, exatamente para os mais pobres uma prática de juros extorsivos, e a renda vai cair para R$ 360. Ou seja, você atinge no coração o objetivo do programa que é, em primeiro lugar, alimentação. Alimentação adequada para que se tenha uma condição de garantir o que é básico para a vida — afirma Wellington Dias.
Ouça a entrevista na íntegra: