Na abertura da primeira reunião ministerial do terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que seu governo não é de "pensamento único", mas composto de "pessoas diferentes" que precisarão fazer esforço para "construir" de forma igual.
— Não somos governo de um pensamento ou filosofia única, somos um governo de pessoas diferentes. O que é importante é que a gente, pensando diferente, faça um esforço para a reconstrução desse país, pensemos igual e construir igual — afirmou Lula a ministros, em discurso transmitido.
O presidente citou a cerimônia de posse realizada no dia 1º para apontar que há muito tempo não via "tanta alegria" nas pessoas e que é compromisso de seus ministros entregar um país "melhor e mais saudável". Ele citou ainda que terá uma "tarefa árdua" pela frente.
— Vocês sabem que a nossa tarefa é uma tarefa árdua, mas é uma tarefa nobre. A gente vai ter que entregar esse país melhor, mais saudável do ponto de vista da saúde, mais saudável do ponto de vista do ganho da massa salarial, mais saudável do ponto de vista dos pequenos e médios empreendedores, dos pequenos e médios produtores rurais, mais saudável do ponto de vista da educação e também do ponto de vista da civilidade. Esse país vai voltar a viver a democracia.
Crescimento com responsabilidade
Na primeira reunião ministerial, Lula também afirmou que toda a equipe assumiu compromisso "extraordinário" de fazer o Brasil "voltar" a crescer, gerar empregos e fazer aumentar a massa salarial.
— É possível fazer a economia voltar a crescer com muita responsabilidade, com distribuição de riqueza e renda, e gerar emprego que garanta ao trabalhador um pouco de seguridade social — disse.
Lula afirmou que quer "muito" investir no fortalecimento do sistema cooperativo, no micro e pequeno empreendedor e no pequeno e médio empresário, mas ressaltou ser necessário que o trabalhador tenha "um mínimo" de seguridade social.
— Que ele tenha garantia de previdência, garantia de registro, garantia de que, quando estiver impossibilitado de trabalhar, o Estado garanta a ele um mínimo de segurança, porque se não a gente não terá um mundo de trabalho sadio e saudável, teremos um mundo de barbárie — disse.
Agrotóxicos e invasões
O presidente também disse que a "força da lei vai imperar" sobre os produtores que continuarem usando agrotóxicos proibidos.
— Neste país tudo vale, só não vale cidadão bandido achar que pode desrespeitar legislação — declarou o petista.
Lula afirmou que os empresários que produzirem de forma responsável serão "muito respeitados". O presidente se dirigiu, na abertura da reunião ministerial, a Carlos Fávaro e disse que fica feliz quando vê um "homem do agro" como ministro da Agricultura.
— É a perspectiva que temos de pessoas sérias — emendou.
— Aqueles que teimarem em desrespeitar a lei, invadir o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode ser usado, a força da lei imperará sobre ele. Nós vamos exigir que a lei seja cumprida — disse Lula.
Relação com o Congresso
Ainda durante a fala inicial, Lula abordou a futura relação entre o governo e o Congresso. O presidente afirmou que o Planalto "não manda no Congresso, depende do Congresso", e pediu para que os ministros tenham "a paciência e a grandeza" de atender bem cada parlamentar que buscar atendimento.
— Vou fazer a mais importante relação com o Congresso Nacional que eu já fiz. Já estive oito anos na Presidência, e quero dizer aos líderes, Jaques Wagner, Guimarães e Randolfe, que não se preocupem, que vocês vão ter um presidente disposto a fazer quantas conversas forem necessárias com as lideranças, com os partidos políticos, com o presidente (do Senado) Rodrigo Pacheco e com o presidente (da Câmara) Arthur Lira. Não tem viés ideológico para conversar e não tem assunto proibido em se tratando de coisas boas para o povo brasileiro — acrescentou.
Lula destacou especialmente a importância das articulações realizadas com Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
— Eu tenho consciência que não é o Lira que precisa de mim, é o governo que precisa da boa vontade da presidência da Câmara. Não é o Pacheco que precisa de mim, é o governo que precisa de um bom relacionamento com o Senado. E assim nós vamos governar esses quatro anos — complementou.