Presidente da República em exercício após Jair Bolsonaro ter viajado para fora do Brasil no fim do ano, Hamilton Mourão fez um pronunciamento à nação em rede aberta de rádio e televisão na noite deste sábado (31), véspera de Ano-Novo. Durante sua fala, criticou representantes dos outros poderes, disse que as Forças Armadas pagaram a conta e ainda citou entregas da gestão que se encerra.
No discurso, ele começou ressaltando que o governo conclui mais um ano de atividades, com "intensos engajamentos de toda ordem", o que o motivou a levar palavras de esperança, estímulo e apreço ao povo brasileiro.
Mourão ressaltou que acontecimentos políticos, econômicos e sociais que têm marcado a atualidade seguirão impactando a vida dos brasileiros nos próximos anos, tornando a caminhada "ainda mais desafiadora", visto que o mundo ainda se recupera da pandemia e a economia mundial sofre as consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Balanço da gestão
O futuro senador eleito pelo RS afirmou ainda que, ao longo dos últimos quatro anos, o governo realizou "entregas significativas" na economia, no avanço da digitalização da gestão pública, na regulamentação da tecnologia da informação, na privatização de estatais e na liberalização da economia. Conforme Mourão, o governo promoveu ainda uma "eficaz e silenciosa" reforma administrativa, a renovação do modelo previdenciário, a potencialização do agronegócio e de "vários campos do conhecimento humano".
Para o vice-presidente, a gestão de Bolsonaro trabalhou duramente contra a pandemia, auxiliando os mais necessitados e as empresas, além de apoiar governos com recursos médicos.
— Trabalhamos e entregaremos ao próximo governo um país equilibrado, livre de práticas sistemáticas de corrupção, em ascensão econômica e com as contas públicas equilibradas, projetando o Brasil como uma das economias mais prósperas e com resultados mais significativos pós-pandemia — disse.
Segundo Mourão, foram essas iniciativas que permitiram ao Brasil pleitear ingresso na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
— Nem todas as empreitadas obtiveram o sucesso que almejávamos. Na área ambiental, por exemplo, tivemos percalços. Embora, nesse último ano, tenhamos alcançado uma redução importante no desmatamento na Amazônia. Contudo, a região ainda necessita de muito trabalho e de cuidados específicos, engajando as elites e as comunidades locais cortejadas permanentemente pela sanha predatória oriunda dos tempos coloniais — admitiu.
Além disso, Mourão se dirigiu aos apoiadores do governo, agradecendo pelo voto e encorajando-os a "lutar pela preservação da democracia, dos nossos valores, do Estado de Direito e pela consolidação de uma economia liberal, forte, autônoma e pragmática".
O pronunciamento trouxe ainda referências e críticas aos representantes dos outros poderes da República:
— A falta de confiança de parcelas significativas da sociedade. Nas principais instituições públicas decorre da abstenção intencional desses entes do fiel cumprimento dos imperativos constitucionais gerando a equivocada canalização de aspirações e expectativas para outros atores públicos que no regime vigente carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso.
Mourão alegou ainda que lideranças dos outros poderes, que deveriam tranquilizar e unificar a nação, deixaram o silêncio ou protagonismo inoportuno criar "um clima de caos e desagregação social".
— De forma irresponsável, deixararam que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta. Para alguns, por inação, e para outros, por fomentar um pretenso golpe — continuou.
— A alternância do poder em uma democracia é saudável e deve ser preservada — afirmou.
Mourão pontuou que cabe aos eleitos cumprirem o dever de dar continuidade aos projetos iniciados, assegurando "uma democracia pujante e plural, em um ambiente seguro e socialmente justo". Lembrou que os opositores devem "opor-se a desmandos, desvios de conduta e a toda e qualquer tentativa de abandono do perfil democrático".
O presidente em exercício destacou que a partir de 1º de janeiro, mudará o governo, mas não o regime, mantendo-se o caráter democrático do Brasil. Buscou tranquilizar os espectadores com a "certeza de que nossos representantes eleitos farão dura oposição ao projeto progressista do governo de turno, sem, contudo, promover oposição ao Brasil".
Ao garantir que estarão atentos, Mourão finalizou o discurso transmitindo os melhores votos para o Brasil e os brasileiros em 2023:
— Que o nosso amado Brasil continue sua caminhada na direção de seu destino manifesto: tornar-se a mais próspera e bem-sucedida democracia liberal ao sul do Equador. Feliz Ano-Novo. Êxito pessoal e prosperidade para cada um de nós que formamos esta grande nação!