O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, 76 anos, acredita que a tentativa de golpe através da invasão, saque e depredação das sedes dos três poderes em Brasília, no último domingo (8), seja uma oportunidade para que as instituições reflitam sobre as atitudes recentes. Ele concedeu entrevista ao Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha, na noite desta terça-feira (10).
— Nada surge sem uma causa. É um momento de reflexão, do Legislativo, do Executivo e também do Judiciário. Evidentemente, cabe a cada qual dos integrantes rever os atos praticados para entender onde houve um extravasamento do proporcional e do razoável — opina Marco Aurélio.
O magistrado carioca defendeu o direito que todo cidadão tem de manifestar livremente as preferências políticas e ideológicas. Ele havia declarado voto no então candidato à reeleição em outubro de 2022, Jair Bolsonaro, mas não concorda com a permanência de manifestantes que questionavam o resultado das urnas.
— Quando há ato de violência sobre a coisa pública é preciso buscar a responsabilidade penal — ressaltou Mello.
O ministro aposentado conta que teria votado em Lula em 2002, mas que não voltara a votar no petista desde a condenação na Justiça. Por outro lado, lembrou do receio que tinha da eleição de Bolsonaro antes do pleito de 2018, votando em Haddad naquela ocasião. As idas e vindas políticas de Marco Aurélio são um exemplo do pedido que ele faz de respeito ao resultado das urnas.
— Precisamos respeitar as regras estabelecidas. É um preço módico para vivermos nessa sociedade — comentou, condenando novamente a violência dos manifestantes que depredaram as sedes dos poderes em Brasília.