O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 11, que tem um telefone acertado com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no próximo dia 18. Caso se concretize, seria a primeira vez, de acordo com registros oficiais, que os líderes falariam por telefone após a eclosão da guerra entre ucranianos e russos. A declaração de Bolsonaro foi feita após ele se reunir, no Palácio do Planalto, com a presidente da Hungria, Katalin Novák.
"Também trocamos algumas observações sobre o conflito que acontece ali próximo à Hungria, a questão Rússia e Ucrânia. Eu disse que no próximo dia 18 tenho um telefonema acertado com o Zelensky, assim como depois da minha visita à Rússia, antes do conflito, tive uma outra conversa com o presidente Putin", declarou Bolsonaro, em referência ao que foi tratado no encontro com a política húngara.
Em 26 de junho, Bolsonaro anunciou, durante conversa com apoiadores, que o Brasil poderia comprar diesel da Rússia. A negociação foi feita em ligação telefônica com o presidente do país, Vladimir Putin, antecipada pelo Broadcast Político e posteriormente confirmada pelo ministro de Relações Exteriores, Carlos França. Hoje, o chefe do Executivo disse que o combustível fóssil poderia chegar ao Brasil em dois meses.
"Está acertado. Em 60 dias já pode começar a chegar aqui, já existe essa possibilidade. A Rússia continua fazendo negócios com o mundo todo. Parece que as sanções econômicas não deram certo, tanto é que a Alemanha teve agora 40% do gás cortado", afirmou Bolsonaro a jornalistas, em referência às sanções impostas pela comunidade global ao governo russo devido à guerra na Ucrânia.
O presidente voltou hoje a defender a viagem que fez à Rússia em fevereiro, dias antes de Putin determinar a invasão da Ucrânia e iniciar a guerra. Bolsonaro disse que conseguiu, com a visita ao contraparte russo, garantir o fornecimento de fertilizante para o agronegócio brasileiro. "O Brasil manteve sua posição de equilíbrio. Lógico que eu gostaria que não tivesse guerra", declarou.
Na fala à imprensa após se reunir com a presidente da Hungria, Bolsonaro afirmou que os dois conversaram sobre "várias questões de interesse comercial", além de possíveis acordos no futuro. A chefe de Estado é aliada do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, símbolo da extrema-direita mundial e com quem Bolsonaro compartilha a pauta conservadora.
"Temos muita coisa em comum, em especial a defesa dos valores familiares. Somos pela liberdade religiosa, pela liberdade de imprensa. E eu disse-lhe agora há pouco que tenho um rito de todo dia antes de levantar e antes de vir para a Presidência, dobrar o joelho, rezar um pai nosso, e pedir para que o povo brasileiro não experimente as dores do comunismo", declarou o presidente.