Os institutos General Villas Bôas, Sagres e Federalista apresentaram no dia 19 de maio o "Projeto de Nação, O Brasil em 2035". O evento de apresentação, em Brasília, teve participação do vice-presidente Hamilton Mourão. O documento traça um cenário no qual se projeta o domínio do bolsonarismo no país até 2035.
O projeto foi coordenado pelo general Luiz Eduardo Rocha Paiva, que disse que o estudo é "apartidário, aberto e flexível". Mourão e um representante do governo estiveram na solenidade e receberam um exemplar.
— (O estudo está à disposição) mesmo que haja mudança de governo. Claro que, se for de direita para esquerda, vai jogar fora — afirmou Rocha Paiva.
O documento de 93 páginas aborda 37 temas estratégicos. Trata de geopolítica, governança nacional, desenvolvimento, ciência, tecnologia, educação, saúde, defesa nacional e segurança.
O plano propõe que a classe média pague mensalidades nas universidades públicas e pelo atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). A cobrança começaria em 2025, no cenário traçado pelo documento. "Além disso, a partir de 2025, o poder público passa a cobrar indenizações pelos serviços prestados, exclusivamente das pessoas cuja renda familiar fosse maior do que três salários mínimos."
"Desideologizar"
Para a Educação, o plano dos militares prevê o combate a ideologias políticas em sala de aula. O documento descreve da seguinte forma a educação brasileira em 2035: "Os currículos foram 'desideologizados' e hoje são constituídos por avançados conteúdos teóricos e práticos, inclusive no campo social, reforçando valores morais, éticos e cívicos".
Em outro trecho, o projeto expõe uma percepção sobre o ensino atual. "Há tempos uma parcela de nossas crianças e adolescentes sofria com a ideologização do sistema educacional, com a doutrinação facciosa efetuada por professores militantes de correntes ideológicas utópicas e radicais".
O documento ainda fala em neutralização — linguagem militar — de ideologias para impor a própria, nomeada como "conservadora evolucionista".
Há previsão de um modelo de desenvolvimento da Amazônia que a trata segundo o conceito de ocupar e integrar, criado nos anos 1970, durante a ditadura militar, e diz que se deve acabar com "restrições da legislação indígena e ambiental, que se conclua serem radicais nas áreas atrativas do agronegócio e da mineração".
Globalismo
O projeto afirma que a nação está ameaçada pelo "globalismo". Diz o documento: "O globalismo, movimento internacionalista cujo objetivo é determinar, dirigir e controlar as relações entre as nações e entre os próprios cidadãos, por meio de posições, atitudes, intervenções e imposições de caráter autoritário, porém disfarçados como socialmente corretos e necessários".
O documento prossegue: "No centro desse movimento está a elite financeira mundial, ator não estatal constituído por megainvestidores, bancos, conglomerados transnacionais e outros representantes do ultracapitalismo, com extraordinários recursos financeiros e econômicos".
Para os autores do projeto, o globalismo se manifesta no Poder Judiciário. "O globalismo tem outra face, mais sofisticada, que pode ser caracterizada como 'o ativismo judicial político-partidário', onde parcela do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública atuam sob um prisma exclusivamente ideológico, reinterpretando e agredindo o arcabouço legal vigente, a começar pela Constituição", diz o documento.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.