O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é capa da revista norte-americana Time. A publicação divulgou a imagem, datada da semana de 23 a 30 de maio. A foto do petista é seguida da frase "O Segundo Ato de Lula: o líder mais popular do Brasil busca voltar à Presidência".
A capa convida os eleitores para uma entrevista na qual o ex-presidente fala sobre o tempo que passou na prisão, a guerra na Ucrânia, a política norte-americana e seus planos para o Brasil caso seja eleito. A Time trabalha com capas segmentadas por regiões do mundo. Ainda não está claro qual edição impressa terá a foto de Lula.
Na entrevista, o petista diz ter clareza de que pode resolver os problemas do Brasil.
— Eu tenho a certeza de que esses problemas só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia — disse.
Lula afirma, ainda, nunca ter desistido da política.
— A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça — declarou à revista.
O lançamento oficial da pré-candidatura de Lula, juntamente com o pré-candidato a vice Gerado Alckmin (PSB), está marcado para este sábado (7). Até o momento, o petista lidera nas pesquisas de intenções de voto ao Planalto.
Guerra
Na entrevista, Lula responsabilizou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos pela guerra em curso na Ucrânia. O petista, porém, ressaltou o papel de Zelensky no conflito.
— Esse cara (Zelensky) é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado (...) o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo.
Lula afirmou ainda que, se fosse presidente do Brasil, teria ligado para o presidente americano Joe Biden, para Putin, para a Alemanha e para o presidente da França Emmanuel Macron para tentar resolver o conflito de forma diplomática.
— Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a Otan? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: "A Ucrânia não vai entrar na Otan". Estaria resolvido o problema — afirmou o petista.
Lava Jato
Na versão em inglês, o título atribuiu a corrida presidencial deste ano como "o segundo ato de 'Lula', chamado de presidente mais popular do Brasil". A matéria assinada pela jornalista Cyara Nugent traça um perfil do retorno do petista à disputa política após passar 580 dias preso no âmbito da Operação Lava Jato. Ela cita, por exemplo, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou uma série de condenações da operação e declarou a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro no caso.
Os confrontos entre Bolsonaro e o STF também foram citados pela revista, que fez um paralelo entre o atual chefe do Executivo brasileiro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
"Em abril, ele (Bolsonaro) sugeriu que as eleições poderiam ser 'suspensas' se 'algo anormal acontecer'. Se ele perder, alertam os analistas, é provável que haja uma versão brasileira do motim de 6 de janeiro. Se ele vencer, as instituições brasileiras podem não aguentar mais quatro anos de seu governo", diz a reportagem.
Na entrevista à Time, Lula assumiu discurso eleitoral. Ele chegou a citar o jogador de futebol americano Tom Brady, que ganhou diversos títulos na liga nacional do esporte.
— Ele é o melhor jogador do mundo há muito tempo, mas em cada jogo, seus fãs exigem que ele jogue melhor do que no último. Para mim, com a Presidência, é a mesma coisa. Só estou concorrendo porque posso fazer melhor do que antes.