O prefeito de Cerro Grande do Sul, Gilmar Alba (PSL), se envolveu em mais uma polêmica. Depois de ser flagrado no ano passado pela Polícia Federal (PF) com R$ 505 mil na bagagem de mão no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o representante do município do Sul do Estado foi acusado por moradores de cortar árvores que caíram sobre o cemitério da cidade.
Duas pessoas registraram ocorrência na Polícia Civil e o caso pode ser alvo de um termo circunstanciado. Inclusive, um vídeo que circula nas redes sociais — com o chefe do Executivo local usando uma motosserra para cortar um pinheiro — será anexado à investigação. No entanto, o procedimento ainda é averiguado e depende de representação criminal por parte dos denunciantes. Independentemente de a polícia dar continuidade ao caso, a prefeitura instaurou uma sindicância, nega envolvimento de Alba e informa que pagará por todos os reparos, assim que um levantamento dos danos for concluído.
O delegado de Tapes, Luciano Meira, que responde pela delegacia de Cerro Grande do Sul, diz que dois responsáveis por túmulos de familiares no cemitério local registraram ocorrência contra o prefeito na quarta-feira (13). Elas alegam que Alba cortou árvores que caíram sobre os túmulos e ainda sobre fios de energia elétrica. Moradores fizeram fotos dos galhos que atingiram o cemitério. As imagens também foram divulgadas pelas redes sociais. Estas fotos, assim como o vídeo do prefeito cortando um pinheiro, serão anexadas à investigação inicial. Meira ressalta que a gravação mostra Alba cortando uma árvore que cai em um terreno baldio, ao lado do cemitério.
Segundo a informação que o delegado está averiguando, os cortes teriam ocorrido em dois dias, sendo que o prefeito teria derrubado pinheiros no primeiro dia. No outro, quando troncos e galhos atingiram túmulos, o serviço seria realizado somente por servidores municipais. Meira diz que as duas pessoas que procuraram a delegacia já prestaram depoimento e Alba também será acionado para se explicar.
A polícia pode dar encaminhamento ao caso por meio de um termo circunstanciado, usado em crimes de menor poder ofensivo, pelo fato de que se trata de dano, com pena de prisão de no máximo dois anos. No entanto, Meira diz que ainda depende da manifestação dos denunciantes sobre possível representação criminal para dar prosseguimento à apuração. Sobre possível crime ambiental, a polícia diz que não há indícios, porque não eram árvores preservadas.
Sindicância
GZH tentou contato com Alba, mas ainda aguarda retorno. Contudo, a Secretaria de Administração do Executivo municipal informou que uma sindicância será instaurada nos próximos dias para apurar a responsabilidade pelo caso, que foi considerado um "erro operacional".
A prefeitura destaca que dois pinheiros, que estavam sendo cortados nesta semana em uma via vicinal ao lado do cemitério, atingiram pelo menos dois túmulos. Uma empresa de Camaquã, também no Sul do Estado, foi contratada para fazer um levantamento dos estragos.
O Executivo de Cerro Grande do Sul acrescenta que iniciou ainda na quarta-feira uma limpeza geral em todo o cemitério, que pertence a uma empresa privada. Também de acordo com a secretaria de Administração, as árvores que atingiram o local não foram cortadas pelo prefeito Alba, como foi registrado na Polícia Civil. Os pinheiros estariam sendo cortados para que a madeira seja usada em um projeto social do município. O objetivo seria construir casas para oito famílias carentes.
Polêmicas
A queda de árvores é o fato polêmico mais recente em que Alba pode estar envolvido. Em agosto do ano passado, Gringo Louco, como é conhecido o prefeito de Cerro Grande do Sul, foi notícia nacionalmente após ser flagrado pela PF com R$ 505 mil no aeroporto de Congonhas. Logo depois, em setembro, a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão em imóveis do mandatário municipal e também na prefeitura, justamente pelo fato envolvendo o dinheiro encontrado com ele em São Paulo. Em novembro, Gringo Louco brigou com um casal de moradores na periferia do município e depois algemou a mulher. Parte da situação foi registrada em vídeo, que circulou em redes sociais.