O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 10 dias para o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Márcio Nunes, se manifestar sobre as trocas promovidas em diretorias estratégicas desde que ele assumiu o cargo, em fevereiro. A ordem foi dada na segunda-feira (4) no inquérito que apurou se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na corporação.
O relatório final da investigação foi apresentado na semana passada e isenta Bolsonaro de crime — a conclusão é de que o presidente agiu "conforme a praxe administrativa". O procurador-geral da República, Augusto Aras, ainda precisa emitir parecer sobre o caso.
Moraes despachou a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que entrou com representação para proibir o novo diretor-geral de mudar delegados responsáveis por áreas estratégicas até a conclusão dos inquéritos já iniciados contra autoridades com foro privilegiado. O ministro quer ouvir o chefe da PF antes de bater o martelo.
O pedido do senador é para blindar a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor), que abriga sobre o seu guarda-chuva dois setores sensíveis da corporação: o que cuida de inquéritos contra políticos e autoridades e o que investiga casos de corrupção. Randolfe também sugere o veto a eventuais trocas na Diretoria de Inteligência Policial (DIP) e em órgãos subordinados.
Márcio Nunes é o quinto nome a assumir o comando da Polícia Federal no governo Bolsonaro. Antes dele, passaram pelo cargo os delegados Maurício Valeixo, Alexandre Ramagem, Rolando de Souza e Paulo Maiurino.