O presidente Jair Bolsonaro garantiu neste sábado (12) que qualquer tipo de extração mineral em solo indígena apenas será feita com a permissão dos indígenas. O chefe do Executivo acrescentou que não tem dúvida de que a população local deseja que a atividade seja efetuada em suas áreas. A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (9) o requerimento de urgência do projeto de lei que libera a exploração de minérios em terras indígenas, incluindo áreas que habitam povos isolados.
— Quero deixar bem claro: só será feito qualquer coisa em terra indígena se os indígenas assim concordarem. Estive lá na aldeia Flexal em Roraima, na (reserva) Raposa Serra do Sol. Pousei lá com o nosso helicóptero, e eles já sabiam do negócio (do projeto). São bem informados. E querem isso porque vão ganhar royalties em cima disso daí. Ou seja: o ser humano quer progredir — argumentou com jornalistas após participar de um evento de filiação do PL, em Brasília.
De acordo com Bolsonaro, o indígena, "ao ser trazido para o nosso meio", começa a ver as maravilhas da medicina e outras coisas que acontecem no Brasil e quer se incorporar.
— E tem se incorporado cada vez mais à nossa sociedade — avaliou.
O presidente lembrou que o governo federal lançou nesta sexta-feira (11) o Plano Nacional de Fertilizantes e que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, está muito sensível a questões de exploração dos recursos minerais em terras indígenas, mesmo sabendo que existe, por exemplo, potássio, fora de reservas indígenas.
— Mas esse projeto permite, ao regulamentar dois dispositivos da Constituição, que você possa, por exemplo, ter hidrelétricas no vale do Rio Cotingo lá em Roraima — explicou.
Rússia
Na conversa com jornalistas, Bolsonaro reforçou que o Brasil segue com boa relação com a Rússia neste momento em que há uma guerra liderada pelo presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia. Uma prova disso, segundo o chefe do Executivo, foi a decisão do país de continuar a vender fertilizantes para o Brasil. Neste sábado, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, embarca para o Canadá à procura de novos fornecedores de potássio e outros insumos para a agricultura doméstica.
O presidente foi questionado sobre se o governo estuda alguma sanção contra a Rússia.
— Olha, qualquer medida nós vamos tomar via Itamaraty e os nossos representantes na ONU Organização das Nações Unidas. Tá aí uma boa pergunta — comentou.
Bolsonaro lembrou que viajou para a Rússia pouco antes do início do conflito e que conversou por mais de duas horas com Putin sobre vários assuntos.
— O mais importante foi a questão dos fertilizantes. Nós votamos por duas vezes na ONU e está tudo bem entre nós e a Rússia. Tanto é que não existe qualquer barreira comercial no tocante a fertilizantes para nós aqui no Brasil — minimizou.
O presidente comentou também que o Brasil conseguiu até mesmo um empresário russo para comprar uma unidade de fabricação de ureia em Três Lagoas, no Mato Grosso Sul. As atividades locais estão indo "a todo o vapor", conforme o presidente.
— Brevemente começará a produzir ureia aqui no Brasil também — disse.