O ex-juiz Sergio Moro expôs em primeira pessoa os altos e baixos da carreira de magistrado no livro Contra o sistema da corrupção (Editora Sextante), que lança nesta semana. Pré-candidato à Presidência, Moro afirma não ter pretensões eleitorais com a obra, mas ela guarda semelhança com seu recente discurso de filiação ao Podemos: combate à corrupção e a estratégia de colocar o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como dois lados de uma única moeda. No livro, ele faz defesa da Lava Jato e atribui aos três Poderes "retrocessos" no pauta anticorrupção.
No livro há justificativas para sua atuação como juiz e como ministro. A intenção é registrar sua versão?
Sergio Moro - Eu não diria uma versão. Eu diria que são os fatos. Os fatos são: a Petrobras foi saqueada durante o governo do Partido dos Trabalhadores para enriquecimento ilícito de agentes públicos, agentes políticos e financiamento ilegal de partidos políticos. Dois: houve uma quebra da promessa, no governo atual, de fortalecimento do combate à corrupção.
O sr. critica a atuação do Supremo Tribunal Federal. Por que considerou importante abordar o tema?
Moro - Nós temos que respeitar o STF, é uma instituição importante, tem grandes ministros lá. Vou destacar aqui o ministro Luiz Fux, que tem um discurso e atitudes muito firmes e claras em preservar combate à corrupção. Infelizmente ele foi vencido, junto com outros ministros, em algumas discussões recentes importantes. Agora, é importante destacar que o combate à corrupção, a construção de um País mais íntegro, não é um propósito pessoal. Nós avançamos durante a Operação Lava Jato. Infelizmente nós vimos retrocessos que vieram do Congresso, do Planalto e também do Supremo. Decisões tomadas por maioria que enfraquecerem o combate à corrupção. Mas, ao invés de adotar aquela postura agressiva, o que nós temos que buscar é construir soluções.
Saiba mais
Contra o sistema da corrupção
- Autor: Sergio Moro
- Editora Sextante
- Inglês. 288 páginas. R$ 49,90