Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (5), o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), falou sobre os avanços nos mais de dois meses de trabalho da comissão e dos próximos passos das investigações.
Segundo Aziz, o colegiado está em "outro caminho", apurando "grandes problemas" na aquisição de vacinas contra o coronavírus. Para o parlamentar, são "muito fortes" os indícios contra o presidente Jair Bolsonaro, suspeito de prevaricação nas negociações pela Covaxin.
— Em relação à acusação feita pelo deputado Luis Miranda (que afirma ter avisado Bolsonaro sobre possíveis irregularidades no contrato), o presidente se calou. O presidente em momento algum adjetivou o deputado. Ao contrário, ele acusa a CPI. Ele se volta contra a CPI, tentando desqualificar a comissão. A população está percebendo isso — disse.
— Se eu estivesse sendo acusado de um negócio que alguém me falou, e eu não tomei previdência, eu ia dizer: "Este deputado Luis Miranda está mentindo". Ele não fez nada disso, porque o deputado Luis Miranda ainda pagou para ver. Sabe de que forma? "Fala que eu tô mentindo, que eu te provo o contrário" — acrescentou.
Aziz rebateu ainda as críticas feitas por Bolsonaro, que chamou de "picaretas" alguns parlamentares que integram a CPI do Senado.
— A picaretagem não está na CPI (…) Não queremos briga de rua, bate-boca, queremos mostrar os fatos. E é isso que está assustando o presidente — afirmou.
— Ele (Bolsonaro) abre a boca para falar mal da CPI, mas diz que não tem conhecimento do que se passa nos ministérios. É porque ele não tem tempo, mas tem tempo para andar de moto — completou.
Na sexta-feira (2), a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, determinou a abertura de inquérito para investigar Bolsonaro por suposta prevaricação nas negociações pela vacina indiana Covaxin. A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República.
A suspeita é de que o presidente tenha cometido crime de prevaricação ao não determinar a abertura de investigação após receber uma denúncia, em 20 de março, de supostas ilegalidades na aquisição do imunizante por parte do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão dele, Luis Roberto Miranda, servidor de carreira no Ministério da Saúde.
Mudança de foco
Instalada no final de abril, a CPI da Covid tinha como foco inicial investigar possíveis omissões do governo federal no combate à pandemia. Segundo Aziz, a comissão já comprovou diversos fatos "concretos" nesta apuração.
— O encaminhamento dado para o controle da pandemia foi completamente equivocado, sem nenhuma básica científica (...) Se chegou ao ponto de o próprio presidente da República ficar prescrevendo remédio pela internet — disse.