O policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira confirmou nesta quinta-feira (1º), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que recebeu um pedido de propina de US$ 1 por dose para vender vacinas ao Ministério da Saúde. Ele se apresentou como representante da Davati Medical Supply e disse que esteve três vezes no ministério em nome da companhia. O preço inicial das doses era de US$ 3,50, declarou.
No depoimento, Dominguetti declarou ter recebido o pedido de propina no dia 25 de janeiro por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística em Saúde do ministério. Dias foi exonerado do cargo após ser acusado de pedir propina na negociação.
— Ele sempre pôs o entrave no sentido que, se não majorasse a vacina, não teria aquisição do Ministério da Saúde. Ele disse que a pasta dele tinha orçamento que poderia comprar a vacina — afirmou.
Durante o depoimento, ele declarou que teve aval do representante oficial da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, para representar a empresa na negociação com o Ministério da Saúde. Como policial militar, declarou que atuou na função para ter uma complementação de renda. A versão confirma a nota da empresa enviada ao Estadão/Broadcast na manhã de hoje. A Davati afirmou que Dominguetti intermediou a relação da companhia com o governo federal na posição de "vendedor autônomo".
Na CPI, ele ressaltou que não poderia interferir no preço da oferta diante da oferta de propina.
— Não tem como eu chegar e aceitar qualquer coisa, embora seja imoral também, porque eu teria que tirar do meu bolso para pagar — disse.
A primeira ponte de negociação foi feita por meio de Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, que teria apresentado o representante a Roberto Ferreira Dias, de acordo com o depoimento.