O Rio Grande do Sul perdeu neste domingo (11) Hélio Corbellini, 79 anos, ex-secretário em governos do PT em Porto Alegre e no Estado. Conforme familiares, ele descobriu há um mês um câncer de pâncreas. Fez tratamento e foi para casa, onde faleceu junto aos familiares, um dia após torcida intensa pelo Inter no Gre-Nal, em frente à TV.
Militante histórico de esquerda - perseguido pela ditadura militar e posteriormente anistiado - Corbellini tentou se formar em Ciências Sociais, mas não concluiu o curso. Teve os direitos políticos cassados no primeiro Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pelo regime autoritário na PUC-RS no final dos anos 1960. Com isso, foi expulso da universidade.
Corbellini foi atuante na Juventude Estudantil Católica (JEC) e, depois, na marxista Ação Popular. Um dos filhos de Hélio Corbellini, o cientista social Juliano, ressalta que o pai ajudou a esconder presos políticos.
_ - Na noite em que nasci, em 1968, meu pai não estava. Tinha levado para o Paraná (na fronteira com o Paraguai), escondido num automóvel Corcel, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que era um dos mais procurados pela ditadura militar — salienta Juliano.
Antes de ser anistiado, Hélio Corbellini viajou pela África e pelo Oriente Médio. Depois, militou no PT, no PSB e no PC do B, partido ao qual se encontrava filiado e pelo qual tentou, sem sucesso, ser vereador na última eleição, em 2020, em Porto Alegre. Tinha experiência nessa função: foi eleito à vereança em 1996, pelo PT, o quarto mais votado na Capital. Não se reelegeu.
Hélio Corbellini foi secretário de governo do então prefeito Olívio Dutra (em 1989, quando ajudou a fazer o ginásio Tesourinha), secretário de Habitação do prefeito Tarso Genro (entre 1992 e 1996, tendo liderado a remoção da vila Cai-Cai das imediações do Guaíba) e foi também secretário municipal em Canoas, num dos governos do PT. Na gestão de Tarso Genro como governador, Corbellini foi secretário estadual do Meio Ambiente.
Juliano Corbellini fez postagem nas redes sociais definindo Hélio como “o melhor cozinheiro, o melhor carpinteiro, o melhor pai colorado, o melhor vô maluco, o melhor pai do mundo, o cara que se escondeu em Igreja e tomou todo o vinho da missa. E que casou com a mulher mais linda da cidade, Marilena Corbellini”.
Hélio Corbellini deixa, além de Marilena e Juliano, os filhos Cassio, Helinho e Camilo, os netos Mariana, Catarina, Giácomo, Amélia, Joana e mais um que está por nascer.
Hélio Corbellini está sendo velado na Câmara Municipal de Porto Alegre, em cerimônia que se estende até o final da manhã de segunda-feira (12).