O presidente Jair Bolsonaro voltou a se defender das acusações de omissão e má gestão na compra de vacinas. Contra as acusações de que ele teria deixado de responder diversos e-mails da farmacêutica Pfizer oferecendo imunizantes, no ano passado, Bolsonaro declarou que quem deveria ter respondido aos contatos era a Saúde e que, ao não assinar o contrato com "cláusulas abusivas", o governo conseguiu um acordo melhor com a empresa este ano.
Nesta manhã, em entrevista à Rádio Itatiaia, Bolsonaro voltou afirmar que no ano passado não haviam vacinas disponíveis para se comprar, e que sua escolha de não assinar contrato com a Pfizer foi devido à cláusula em que a farmacêutica não se responsabilizava por efeitos colaterais do imunizante.
O presidente também afirmou que havia duas condicionantes para que o governo aprovasse a compra de imunizantes: a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o pagamento apenas após o recebimento das vacinas, "coisa que a Pfizer não seria capaz de fazer ano passado", afirmou.
Hoje, Bolsonaro celebrou a chegada do imunizante da Pfizer contra a covid, junto com a vacina da AstraZeneca para complementar o Plano Nacional de Imunização (PNI). O presidente, contudo, não deixou de fazer ataques a seu adversário político, o governador João Doria, e ao imunizante chancelado pelo governo paulista. Bolsonaro voltou a afirmar que a CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, não tem comprovação científica.
O presidente usou como argumento a reinfecção do governador paulista, que já tinha se vacinado com duas doses CoronaVac, para atacar o imunizante.
— As pessoas estão se infectando mesmo com duas doses — disse.
Contudo, como já havia dito pelo tucano, a vacina não impede a infecção, mas diminui os riscos da doença de agravar.
Em ataque a Doria, Bolsonaro afirmou que ele "não seguiu os protocolos que tanto pregou", e ironizou o fato de que se o governador quiser fazer uma viagem aos Estados Unidos, ele teria que tomar uma vacina diferente. Apesar de o imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan ter sido aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não há aval do FDA (Food and Drugs Administration), órgão norte-americano de regulamentação, e da União Europeia.
Ainda no tema, Bolsonaro voltou a atacar os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que afirmou que criam "narrativas" para jogar contra ele, "como se eu fosse um negacionista", e disse que o relatório final que será produzido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) pode ser jogado no lixo.
— Uma palhaçada o que estão fazendo — concluiu.