O prefeito de Dom Pedro de Alcântara, Alexandre Evaldt (MDB), anunciou nesta segunda-feira (3), durante entrevista à Rádio Gaúcha, que o sistema de pagamento e recebimento de contas será modernizado. Ele também contratou por seis meses uma auditoria externa e vai transferir funcionário de outra área para atuar como tesoureiro.
O município do Litoral Norte perdeu quase metade do orçamento previsto para 2021 em desvios feitos pelo tesoureiro da prefeitura. O valor chega a R$ 8 milhões.
Evaldt informou que todos os futuros pagamentos para o executivo e os da própria prefeitura serão realizados de forma eletrônica para evitar fraudes.
— Após a emancipação, há 25 anos, não havíamos atualizado e isso precisa ser feito e, na medida do possível, iremos atualizar. Acredito que o ex-prefeito, uma pessoa honesta, não sabia desses gastos e investigamos alegados pelo suspeito. Ele não poderia ter acesso livre a senhas e agir sem a permissão de superior ou sem a participação de uma segunda pessoa, o que evitaria problemas. Somos uma cidade pequena e ele é conhecido por todos há mais de dez anos — explicou Evaldt.
Auditoria
A prefeitura já havia contratado uma empresa para fazer uma auditoria externa por seis meses para reorganizar as contas. O responsável vai três dias por semana ao executivo municipal para tentar cortar gastos e obter um aumento na receita. Além disso, um funcionário de outro setor, mas com experiência na área, será transferido na próxima semana para trabalhar como tesoureiro, evitando mais gastos com concurso público ou contratação emergencial.
— A partir de agora, sempre teremos dois funcionários nesse setor, com ações realizadas somente com a autorização de um superior — destacou Evaldt.
O prefeito afastou o servidor há alguns meses e, por meio de uma medida provisória, tenta autorização para ouvir o funcionário com o objetivo de dar prosseguimento a uma sindicância interna.
Investigação
Enquanto aguarda por resultados da auditoria e pela autorização de uma sindicância, Evaldt disse que tem esperança na investigação da Polícia Civil e do Ministério Público, principalmente em relação a um futuro ressarcimento de parte do valor desviado. O servidor já esteve preso em fevereiro deste ano e agora responde em liberdade. Ele tem imóveis em Dom Pedro de Alcântara e em Torres, onde reside atualmente.
O município com pouco mais de 2,5 mil perdeu quase metade do orçamento para 2021 em desvios feitos pelo tesoureiro da prefeitura, Simão Justo dos Santos, conforme reportagem do Fantástico. Ele responde por por peculato, quando um servidor se apropria de bens públicos. De um orçamento de R$ 18 milhões, cerca de R$ 8 milhões desapareceram após transferências para a conta pessoal do tesoureiro, que é funcionário de carreira. Ele alegou que investiu em instituição financeira e perdeu todo o valor.
Setores prejudicados
A maior parte dos desvios ocorreu nas áreas da saúde, educação e fundo de previdência dos funcionários municipais. Não houve testes para a covid-19 para quase 200 moradores, capina, além do atraso no pagamento de contas gerais. Evaldt disse que a situação deve se complicar com a volta às aulas presenciais.
O funcionário, que atuava há mais de dez anos como tesoureiro, tinha senhas e atuava sozinho. À polícia, ele alegou que perdeu o dinheiro em investimentos em uma instituição financeira. A prefeitura diz que as prestações de contas eram realizadas com documentos e assinaturas falsificadas. O advogado de Simão, Vitor Giazzelli Peruchin, destacou ao Fantástico que não vai se manifestar por que o inquérito tramita em segredo de justiça.