Após cerca de oito horas, o depoimento do ex-ministro da Saúde foi suspenso e será retomado na quinta-feira (20). O general passou mal durante intervalo da sessão, por volta das 17h desta quarta-feira (19) e deixou o prédio do Senado Federal.
Mesmo com aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar em silêncio, ex-ministro respondeu as perguntas dos senadores. Um dos principais pontos abordados foi sobre a crise de oxigênio em Manaus. Ele informou que só soube do risco de abastecimento de oxigênio em Manaus no dia 10 de janeiro à noite, em reunião com o governador do Estado e secretários. A data na qual o ministério foi informado sobre o problema no Amazonas faz parte de um imbróglio de versões. A atuação do ex-ministro no caso é investigada em inquérito.
Como revelou o Broadcast/Estadão, em depoimento à Polícia Federal (PF) em fevereiro, o ex-ministro mudou a versão do governo e disse que não soube do colapso no fornecimento de oxigênio no dia 8 de janeiro, como a Advocacia-Geral da União (AGU) havia informado ao Supremo Tribunal Federal (STF) anteriormente.
Por outro lado, Pazuello também disse à CPI que no dia 8 de janeiro já se iniciou o transporte aéreo de oxigênio para Manaus.
— Todas as ofertas de entrega de oxigênio, eu aceitei todas. Demanda da White Martins só entrou na lógica do que estava sendo feito — respondeu o ex-ministro sobre a demanda feita pela empresa, alegando ainda que demonstrou interesse no avião ofertado pelos Estados Unidos para transportar oxigênio.
— Medidas possíveis a partir do dia 10 foram executadas para Manaus — disse Pazuello.
Respostas a Pfizer
As respostas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre a negociação do governo brasileiro para a compra de vacinas da Pfizer culminaram em bate-boca. O clima esquentou após Pazuello afirmar ao relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), que as propostas da farmacêutica nunca teriam ficado sem resposta.
Segundo Pazuello, foram "inúmeras" vezes que a pasta falou com a Pfizer. O ex-ministro argumentou que as negociações enfrentaram desafios em razão das cláusulas do contrato e questões logísticas, além do preço.
— Essas discussões nos consumiram em setembro e outubro. De agosto a setembro estávamos discutindo com a Pfizer ininterruptamente — disse.
— A resposta à Pfizer é uma negociação. Eu estou falando de dezenas de reuniões e discussões. A resposta sempre foi: "Sim, queremos comprar". Mas não posso comprar se você não flexibilizar tal medida, se não auxiliar na logística — afirmou o general na CPI.
O estranhamento com Renan se acirrou diante do questionamento de que o ministério teria deixado a farmacêutica por sete vezes sem resposta.
— Não houve decisão de não responder a Pfizer. Presidente era informado o tempo todo sobre as minhas conduções, não só da Pfizer. Foi informado por mim em todo o processo que começou em julho até março, quando contratamos a Pfizer, pessoalmente por mim — afirmou Pazuello, que foi então perguntado por Renan se a farmacêutica estaria mentindo.
— Eu respondo por mim — disse o ex-ministro.
Pazuello disse ainda que as negociações aconteciam em nível administrativo, e que ministros não podem receber empresas para fazer esse tipo de tratativa.
— O senhor deveria saber disso — falou para Calheiros, o que provocou um repreensão a Pazuello pelos senadores da CPI.
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