Em depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira (25), a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou que não recebeu ordens para recomendar o uso de cloroquina a pacientes com coronavírus. Ela alegou também que a pasta da Saúde nunca indicou tratamentos para a doença, divulgando apenas uma "nota orientativa" para médicos.
— A partir da autonomia médica, com livre arbítrio — disse.
— A história da cloroquina começa quando o Brasil se depara com trabalho científico produzido em Manaus que resultou na morte de 22 pacientes, e esse dado é grave. Nesse momento, o Ministério da Saúde reúne seus técnicos para criar um documento para proteger a população brasileira e orientar médicos sobre doses seguras desse medicamento — completou.
Ao ser questionada pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o motivo pelo qual o governo não teria seguido as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a cloroquina, Mayra criticou posturas adotadas pela organização durante a pandemia, destacando ainda que o Brasil não seria obrigado a seguir a OMS.
— O Brasil não é obrigado a seguir orientações da OMS. Se assim fizéssemos, teríamos falhado, assim como a OMS falhou várias vezes — disse ela.
— A OMS determinou (no início da pandemia) que não era necessário uso de máscaras, porque seria vírus pesado. Foi necessário que, seis meses depois, um grupo de cientistas fizesse carta à OMS. Milhões foram contaminados por causa dessa orientação da OMS — afirmou Mayra.
A médica ainda disse não saber quem orientou o laboratório do Exército a aumentar a produção da cloroquina.
— O (ex) ministro (da Saúde, Nelson) Mandetta deveria saber. Não sei informar — respondeu.
Perguntada ainda sobre o motivo de a nota sobre o uso da cloroquina ter sido retirada da página do Ministério da Saúde, a secretária argumentou que isso decorre da decisão do atual ministro, Marcelo Queiroga, em trabalhar na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) um protocolo para tratamento da covid.
— Essa orientação, de número 17, também deve ser transformada num documento, numa proposta de protocolo clínico para tratamento ambulatorial da covid. Foi retirada (do site) porque um novo documento está sendo elaborado — afirmou.