Indicado para presidir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira (19), que os integrantes da comissão "não irão passar a mão por cima de ninguém" e que o colegiado "não vai terminar em pizza".
— Pode ter certeza de que não vai terminar em pizza. As mais de 370 mil vidas perdidas no Brasil (em decorrência da covid-19) não merecem isso. A preocupação que vocês têm no Rio Grande do Sul, nós temos na Região Norte. Estamos distantes fisicamente, mas unidos em prol dessas vidas que perdemos, para que não passem despercebidas. Não pode ser somente estatística. A CPI da pandemia no Senado Federal vai ter início, meio e fim e vai recomendar a punição daqueles que falharam com o povo brasileiro. (...) Não vamos passar a mão por cima de ninguém. Onde tiver fato determinante, nós iremos investigar — garantiu o senador em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
O parlamentar, que perdeu um irmão para a covid-19, comentou o que considera falhas na condução da pandemia no país, especialmente no Amazonas, onde pacientes morreram por falta de oxigênio no início do ano. Aziz também criticou profissionais de saúde que prescrevem medicamentos sem eficácia comprovada — como ivermectina e cloroquina — e garantiu que técnicos e especialistas que trabalham para o Ministério da Saúde serão ouvidos pela CPI:
— Queremos saber se houve preocupação em alertar os ministros, seus superiores, em relação aos problemas que o Brasil poderia sofrer.
Inclusive, ao falar sobre a ordem dos depoimentos na comissão, Aziz afirmou que os primeiros a ser ouvidos serão os ministros que passaram pela pasta da Saúde durante a pandemia.
— O (Eduardo) Pazuello (que deixou o cargo em março) sabe tanto de medicina quanto eu sei de colocar foguete na Lua, mas tinha uma equipe técnica ao lado dele. São profissionais, sanitaristas, infectologistas, pessoas que têm conhecimento. Por que não tomaram providências? — questionou.
O senador mencionou ainda questões que "são do conhecimento de todos", mas que não foram apuradas.
— A CPI pode mandar essas pessoas serem investigadas e condenadas. Por que a gente não fechou contrato de 70 milhões da vacina da Pfizer? Até hoje você não sabe, nem eu sei. Alguma coisa aconteceu — exemplificou.