O presidente Jair Bolsonaro confirmou, na segunda-feira (15), a saída do general Eduardo Pazuello do cargo de ministro da Saúde e a indicação do médico Marcelo Queiroga para o posto. Ele será o quarto titular da pasta em meio à pandemia de coronavírus, que já causou a morte de mais de 278 mil pessoas no país.
Relembre quem já comandou o ministério desde o início do governo
Luiz Henrique Mandetta
Mandetta foi demitido por Bolsonaro em 16 de abril de 2020. À época um popular integrante do governo e com aprovação duas vezes maior que a do presidente, o então ministro não resistiu a dias de desavenças — algumas delas públicas — com o chefe.
A situação ficou insustentável após uma entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, na qual ele voltou a criticar o comportamento de Bolsonaro diante da pandemia. Irritado e disposto a marcar posição, Mandetta disse que a população "não sabe se escuta o ministro ou o presidente".
A entrevista fez o ministro perder o suporte do núcleo militar. Responsáveis por convencer o presidente a não demiti-lo na semana anterior, os generais de terno enxergaram no episódio uma irrefreável quebra de hierarquia.
Bolsonaro queria ainda que Mandetta incentivasse o uso da cloroquina nos pacientes com covid-19, apesar da falta de comprovação científica sobre a eficácia do produto. O apoio a medidas de distanciamento social também serviu para aumentar a tensão entre chefe e subordinado.
Nelson Teich
Substituto de Mandetta, o médico Nelson Teich ficou menos de um mês no comando do Ministério da Saúde. Ele pediu exoneração em 15 de maio do ano passado.
Teich vinha passando pelo chamado "processo de fritura" no governo. Uma pista de que a relação com o presidente não estava bem foi o momento de constrangimento, em entrevista coletiva, quando o ministro foi avisado pela imprensa sobre a decisão do presidente em aumentar a lista de serviços essenciais — o chefe do Executivo sequer o consultou sobre a mudança.
Além disso, Teich não vinha atendendo as expectativas de Bolsonaro em conseguir acordo com Estados e municípios para o plano de flexibilização do distanciamento social — o presidente defendia a política chamada de "isolamento vertical", em que apenas pessoas consideradas do grupo de risco deveriam ficar em confinamento. O ministro não apoiava publicamente o desejo do presidente.
Eduardo Pazuello
O general do Exército Eduardo Pazuello assumiu o ministério, de forma interina, logo após a saída de Teich. Cerca de quatro meses depois, foi oficializado no cargo.
A saída do militar foi anunciada por Bolsonaro em 15 de março. A pressão para a substituição de Pazuello vinha crescendo nos últimos dias, à medida em que o número de mortes em decorrência da covid-19 no Brasil bate recordes.
Pazuello é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal pela crise no sistema de saúde e vinha sendo cada vez mais contestado no Congresso. O lento avanço da campanha de vacinação contra a covid no país também foi alvo de críticas contra o ministro.