O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira (16) que o governo federal não deveria ter interrompido os pagamentos do auxílio emergencial em dezembro do ano passado. A declaração foi feita em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
— Tínhamos que ter entendido que a pandemia iria prosseguir, não iria terminar em 31 de dezembro do ano passado. Para que a gente conseguisse manter essas duas curvas (econômica e social) numa situação mais favorável possível — disse.
No ano passado, o benefício foi pago em cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300 — valores que dobravam para mães chefes de família. Os pagamentos foram retomados no último dia 6, com valores que vão de R$ 150 a R$ 375.
Mourão também reconheceu que houve erros do governo federal no enfrentamento à pandemia no Brasil, citando como exemplo as falhas de comunicação — que não mostraram a gravidade da doença. O vice, contudo, não fez críticas diretas à atuação do presidente Jair Bolsonaro.
— Entendo a sua preocupação, a sua pergunta, mas você lembra que eu sou o vice-presidente do presidente Bolsonaro. Então, não compete a mim tecer esse tipo de crítica, que para mim é deslealdade. O que eu tenho que falar a esse respeito eu falo intramuros.
Compromissos com o meio ambiente
Na entrevista, Mourão também reafirmou o compromisso do Brasil em zerar o desmatamento ilegal até 2030 — prazo que foi estipulado no Acordo de Paris, do qual o país é um dos signatários. Segundo o general, o desmatamento corresponde a uma área de 10 mil quilômetros quadrados no território nacional, sendo que apenas 10% é legalizado.
— O Brasil é responsável somente por 3% das emissões (de gases) no mundo, e a principal fonte dessas emissões no território é o desmatamento — disse que o vice-presidente. — Países mais industrializados, como China, Estados Unidos e Índia são responsáveis por 55%. Reduzindo o desmatamento, teremos feito nossa parte para combater o aumento da temperatura no mundo — acrescentou.
Para combater cumprir o prazo, Mourão disse que o governo deve investir mais em sistemas de monitoramento e colaborar com países vizinhos, que também dividem a Floresta Amazônica, por meio do Tratado de Cooperação Amazônica. Além disso, o vice-presidente afirmou que tem se reunido com lideranças de outras nações para debater o tema.
Questionado sobre a atuação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, Mourão evitou fazer críticas diretas, mas admitiu que os dois têm "uma visão um pouco diferente" em algumas pautas. Afirmou ainda que há "muitas pressões" sobre Salles, mas quem a decisão sobre o ministro cabe exclusivamente ao presidente Bolsonaro.
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