A avaliação majoritária dos integrantes do Fórum de Governadores é a de que o governo federal pressionou a base no Congresso para incluir os executivos estaduais na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta na última terça-feira (13), no Senado, para investigar ações e omissões do poder público no combate à pandemia de coronavírus – a CPI da Covid – com a intenção de tumultuar a comissão e desgastar os Estados.
— A gente vê que o governo e seus aliados têm outra intenção ao incluir governadores e prefeitos. O interesse é diversionista: desfocar o trabalho — disse ao Estadão o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).
Ainda segundo o governador gaúcho, a intenção do governo federal é "terceirizar responsabilidades".
O tucano segue a mesma linha do governador do Piauí, Wellington Dias (PT):
— A CPI não pode ser porque alguém quer. Não pode ser uma decisão simplesmente política.
Para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um dos principais antagonistas do presidente Jair Bolsonaro nas medidas de combate à pandemia de coronavírus, a função de investigar os governos locais é das Assembleias Legislativas e das Câmaras municipais.
— Em São Paulo não temos medo CPI, mas a CPI do Senado deve ser preservada e não tergiversar — afirmou o governador paulista.
Os governadores falaram ao Estadão antes da leitura do requerimento de instalação da CPI pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ato que marca a abertura da comissão. Pacheco ampliou o escopo inicial da comissão, que era de investigar apenas as ações do governo federal, e incluiu a possibilidade de apuração dos repasses feitos aos Estados e municípios. A decisão opôs governadores e prefeitos tucanos ao senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que atuou nos bastidores alinhado ao Palácio do Planalto.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) afirmou, após a decisão de Pacheco, que a CPI ficou "no limite da legalidade".
— Nossa preocupação é eles tentarem abarcar todos sem chegar a nenhum resultado.