Em reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou que tomou vacina contra a covid-19 escondido por orientação do Palácio do Planalto. Os áudios da reunião foram publicados na internet, mas os ministros não sabiam que a transmissão estava sendo feita ao vivo, e o governo mandou tirar a gravação do ar.
— Tomei escondido, né, porque a orientação era para todo mundo ir pra casa, mas vazou. Não tenho vergonha, não. Eu tomei e vou ser sincero. Como qualquer ser humano, eu quero viver, pô. Se a ciência e a medicina tá (sic) dizendo que é a vacina, né Guedes, quem sou eu para me contrapor? — afirmou Luiz Eduardo Ramos, que também manifestou preocupação com a saúde do presidente da República Jair Bolsonaro:
— Estou envolvido pessoalmente, tentando convencer o nosso presidente. Nós não podemos perder o presidente para um vírus desses. A vida dele, no momento, corre risco.
Bolsonaro tem 66 anos e, assim como Ramos (64), faz parte do grupo prioritário que pode ser imunizado contra o coronavírus no Distrito Federal. Entretanto, ele já afirmou que vai tomar a vacina "por último".
— O que acontece, tem muita gente apavorada aí aguardando a vacina, então deixa as pessoas tomarem na minha frente. Vou tomar por último. Eu acho que essa é uma atitude louvável. Porque tem gente que não sai de casa, está apavorado dentro de casa — disse Bolsonaro no dia 17.
O presidente chegou a se queixar que a imprensa teria criticado a sua decisão de se vacinar por último.
— Em vez da imprensa me elogiar, me critica — citou.
Na mesma reunião em que Ramos manifestou preocupação com a saúde do presidente, o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou, sem saber que era gravado, que "o chinês" criou a covid-19 e ainda produziu vacinas de eficácia mais baixa do que aquelas desenvolvidas por farmacêuticas dos Estados Unidos.
A fala de Guedes, durante reunião do Conselho de Saúde Suplementar, ecoa uma teoria de apoiadores do presidente Bolsonaro difundida nas redes sociais de que a China desenvolveu o vírus em laboratório com interesses econômicos.
Além de Guedes e Ramos, também estavam na reunião do conselho os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Justiça, Anderson Torres, além de representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Nenhum dos três ministros, incluindo o da Saúde, corrigiu Guedes.