O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, participaram de eventos com aglomerações, nesta sexta-feira (23) em Manaus (AM). A passagem pela cidade ocorre no dia seguinte ao governador Wilson Lima (PSC) alertar e pedir ajuda a Queiroga para enfrentar a terceira onda da pandemia no Amazonas.
O presidente recebeu o título de cidadão amazonense, participou de encontro com lideranças evangélicas e da inauguração de um pavilhão no Centro de Convenções do Amazonas. Ao final desta cerimônia, Bolsonaro foi cercado por apoiadores. Bolsonaro provocou a aglomeração de dezenas de apoiadores ao chegar e ao sair dos locais de seus compromissos. Espremidos pelos seguranças da Presidência, eles tentavam abraços e fotos com o chefe do Executivo.
Queiroga acompanhou as agendas. O ministro da Saúde é crítico das aglomerações, mas minimiza falas e gestos do presidente Jair Bolsonaro que contrariam as recomendações sanitárias.
Segundo apurou o Estadão, o governador do Amazonas discutiu com Queiroga, na quinta-feira (22), um plano para enfrentar a terceira onda no Estado. Há temor de nova falta de oxigênio, além de medicamentos de intubação.
O Amazonas enfrentou o auge da crise sanitária em janeiro, quando o sistema de saúde do Estado entrou em colapso e pacientes internados morreram asfixiados pelo esgotamento de oxigênio medicinal. Às vésperas de o insumo acabar, uma equipe liderada pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello esteve na cidade, levando 130 mil comprimidos de hidroxicloroquina, droga sem eficácia comprovada para a covid-19.
"Colapso inesperado"
A possível omissão do governo federal para evitar a crise no Amazonas colocou a gestão Bolsonaro em crise e sob investigações. A CPI da Covid no Senado irá apurar se a equipe de Pazuello demorou para agir.
O presidente minimizou, à época, a crise em Manaus e chegou a creditá-la à falta de uso do "kit covid". Em discurso nesta sexta-feira (23). Bolsonaro disse que o colapso era inesperado e comemorou o fato de não haver um "lockdown nacional" contra a pandemia.
— Imagine essa pandemia com (Fernando) Haddad presidente da República. Estaríamos num lockdown nacional. Graças a Deus isso não aconteceu — disse Bolsonaro.
O presidente ainda afirmou que sua equipe "colaborou e muito" para reduzir danos do colapso em Manaus e elogiou o ex-ministro Pazuello. Em seguida, disse que Queiroga dá "prosseguimento" ao trabalho do general.