O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou, na tarde desta sexta-feira (26), que Susana Cordeiro Guerra, que presidia a instituição desde 2019, pediu demissão.
"O IBGE informa que Susana Cordeiro Guerra pediu exoneração do cargo de presidente do órgão por motivos pessoais e de família. Ela continuará no cargo até a transição para o novo presidente a ser indicado", afirma o comunicado publicado no site.
O pedido de demissão ocorre um dia depois da aprovação do orçamento de 2021, que cortou de R$ 2 bilhões para R$ 71,7 milhões a verba para o Censo Demográfico, o que pode comprometer a pesquisa. O levantamento estava previsto para ocorrer em 2020, mas foi adiado devido à pandemia.
Mais cedo, o instituto havia afirmado que "aguarda orientações do Ministério da Economia no tocante à operação censitária", uma vez que a lei prevê a sua realização a cada dez anos.
"A referida votação ratificou o corte no orçamento do Censo Demográfico proposto pelo Relator-Geral da Comissão. A decisão representa uma redução de quase 90% do orçamento previsto na PLOA encaminhada em agosto de 2020, que era de R$ 2 bilhões", confirmou o IBGE.
O orçamento aprovado estipulou em R$ 240,7 milhões o valor previsto para o levantamento, mas uma complementação do parecer do relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC) retirou mais R$ 169,7 milhões.
Reação
— O Censo ficou inviabilizado, é uma decisão de governo. Só aprovou o que o governo queria — afirmou o deputado Felipe Carreras (PSB-CE), relator setorial do Ministério da Economia no orçamento de 2021.
De acordo com o parlamentar, a falta do levantamento vai comprometer até a distribuição de vacinas contra a covid-19, pois não haverá dados precisos e atualizados sobre a população em cada município.
Com isso, o deputado anunciou que apresentará uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para tornar o Censo Demográfico uma política de Estado, com garantia de recursos federais, como ocorreu com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Uma PEC depende de 171 assinaturas entre deputados para começar a tramitar na Câmara. Se for para votação, são necessários 308 votos favoráveis na Casa e de 41 votos no Senado para ser aprovada.