Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o ministro Gilmar Mendes falou nesta quarta-feira (10) sobre a rejeição da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no recurso de procuradores da Lava-Jato contra o acesso do ex-presidente Lula a mensagens apreendidas na Operação Spoofing.
Ao detalhar os motivos de sua decisão, contrária ao recurso, Gilmar Mendes afirmou que Sergio Moro atuou com parcialidade na investigação, e que as condenações da Lava-Jato podem ser anuladas devido ao comportamento do ex-juiz:
— Era um tipo de chefia, não escrita, virtual. Ele era consultado. Ele (Moro) reclamava de ações que eles (procuradores) tinham feito, como um chefe faz com relação a seus subordinados. Só que não há essa relação entre MP e juiz. Portanto, é uma nova atribuição que se estava dando ao direito — analisa o ministro.
O resultado do julgamento de terça-feira (9) pode pavimentar o caminho para a defesa de Lula reforçar as críticas à atuação de Moro na operação Lava-Jato e tentar derrubar, em outro julgamento, a condenação que lhe foi imposta no processo do triplex do Guarujá.
— Desde que comprovada (a parcialidade), poderá ocorrer anulação (de processos). Precisa ser olhado com muito cuidado. Eu acho que estamos diante de um grande imbróglio — opina Gilmar Mendes.
Indagado sobre se usou seu voto para constranger Sergio Moro, o ministro nega, e afirma ter outro sentimento:
— Ele é uma figura que me causa pena. Eu não sei qual desfecho as instituições darão a esse imbróglio. É muito fácil fingir que não houve nada. Como os tribunais vão explicar que tenha acontecido isso nas barbas deles? Nós todos erramos.