O procurador Júlio Marcelo de Oliveira, do Ministério Público no TCU, falou nesta segunda-feira (8) sobre seu desabafo com relação à Lava-Jato. No último domingo (7), o procurador fez uma série de postagens em sua conta do Twitter nas quais critica, entre outras questões, o fim da Lava-Jato em Curitiba e o levantamento do sigilo de conversas entre Moro e Dallagnol repassadas à defesa do ex-presidente Lula.
— Eu acho absurdo que as instituições do Estado brasileiro não tenham a Lava-Jato como um modelo, como uma referência. Estamos retrocedendo, desmontando o modelo que deu certo, não estamos celebrando os resultados positivos, pelo contrário, estamos procurando pelo em cabeça de ovo. Quais foram os erros? As conversas de Deltan com Moro não apontam nada de falta de imparcialidade. Não tem uma conversa ali dizendo "faça uma manifestação assim", "seja mais duro na sua manifestação". Não tem nada de côngruo —disse, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
Para o procurador, as conversas entre Moro e Dallagnol se tratam de um "circo para anular os processos da Lava-Jato". Há temor de que o conteúdo seja usado no julgamento sobre a suspeição do ex-ministro Sergio Moro no caso do triplex do Guarujá (SP), como pretendem os advogados do ex-presidente Lula.
Ao Gaúcha Atualidade, Oliveira criticou a postura do procurador-geral da República, Augusto Aras, diante da Lava-Jato — operação que desmontou um esquema bilionário de corrupção e levou à cadeia importantes líderes do país.
A equipe de procuradores que trabalhava em Curitiba foi dissolvida na última segunda-feira (1), após sete anos. A mudança foi anunciada em dezembro por Aras, que já chamou a força-tarefa de "caixa de segredos".
— Ele deveria criticar o anti-lavajatismo. Como titular de uma instituição importantíssima, ele deveria celebrar os resultados extraordinários da Lava-Jato, deveria defender o legado. As críticas que eu vi ele fazendo junto a OAB eram genéricas, superficiais: "Olha, a Lava-Jato cometeu erros" e não falou quais. (...). Eu acho que o desmonte das forças-tarefas foi uma pá de cal na possibilidade da gente continuar colhendo resultados como a gente tinha na Lava-Jato —afirmou Oliveira.