Com um discurso cada vez mais afinado à oposição ao presidente Jair Bolsonaro, o deputado e candidato à presidência da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP) disse nesta quarta-feira (20), em Porto Alegre, que a diplomacia brasileira precisa de nova orientação.
Ao comentar as dificuldades do governo nas negociações com Índia e China na busca por vacinas e matéria-prima ao imunizante, Rossi defendeu “mais moderação e menos ideologia” na postura do Ministério das Relações Exteriores.
— A boa relação, principalmente com os parceiros comerciais, deve ser prioridade. Infelizmente, a política externa brasileira não vai bem e precisa mudar. Não há uma preocupação. A condução precisa ter mais moderação, precisa ter mais diálogo e menos ideologia política. O Brasil sempre teve a característica de excelente relação com os demais países — sentenciou.
O deputado evitou comentar o aumento do apoio político aos pedidos de abertura de processo de impeachment de Bolsonaro, tampouco à nota da Procuradoria-Geral da República que delegou ao Congresso a apuração de eventuais crimes de responsabilidade do presidente. Sem citar que a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), seu principal oponente, é apadrinhada pelo Palácio do Planalto, ele destacou a importância de manutenção da independência da Câmara.
— Não acredito que seja bandeira de qualquer candidato à presidência da Câmara o impeachment de um presidente. Minha candidatura é fruto de uma frente ampla, de 12 partidos, alguns mais à esquerda, outros mais à direita, de centro, que tem como alicerce a defesa da democracia, das instituições e principalmente uma Câmara autônoma e independente — afirmou.
Para Baleia, a prioridade no país deve ser a vacinação em massa da população. O parlamentar lamentou não ter havido consenso para que o recesso da Câmara fosse interrompido e os deputados pudessem auxiliar na discussão de medidas para aumento da imunização. Agora, com as incertezas em torno da aquisição de novos lotes da vacina e do agravamento da crise econômica, ele defende novas medidas de proteção social.
— Como virou o ano e a pandemia não acabou, o governo federal deve reunir todos os esforços para buscar um espaço, dentro do teto e da responsabilidade, priorizando ou um reforço no Bolsa Família ou um auxílio emergencial enquanto não houver vacinação em massa — sugeriu.
Autor de uma proposta de reforma tributária em andamento no Congresso, Baleia defendeu a votação do texto ainda no primeiro semestre como suporte para a retomada da atividade econômica no pós-pandemia. Ele salientou que já foram feitos ajustes com Estados, municípios e governo federal, e que a votação deve ser uma das prioridades, sobretudo diante do que chamou de “crise econômica sem precedentes” e de um processo de desindustrialização simbolizado pela saída da Ford do país:
— A reforma tributária está absolutamente madura para ser votada. É a reforma que vai poder melhorar o ambiente de negócios.
Na rápida passagem pela Capital, Rossi almoçou com apoiadores, se reuniu com o presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo, e com o governador Eduardo Leite. Por volta das 16h, embarcou rumo a Goiás.
