No dia em que São Paulo comemora 467 anos, o governador João Doria (PSDB) reuniu os ex-presidentes José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer para um ato simbólico de vacinação contra o coronavírus.
— Não é um encontro político, mas institucional. A favor da vida e da vacina. Pessoalmente convidei todos os ex-presidentes, justamente por entender que não era um ato político — disse o governador durante o evento em defesa da imunização, no Palácio dos Bandeirantes.
O governador acrescentou que pediu a amigos em comum que chamassem também Lula e Dilma Rousseff. De acordo com ele, todos declinaram do convite "muito educadamente".
FHC comparou a pandemia de covid-19 às memórias dos pais sobre a gripe espanhola e dele mesmo sobre a Segunda Guerra.
— Mas nada disso se compara ao que está acontecendo, porque o vírus não escolhe quem ataca. Às vezes acho difícil ficar em casa, mas imaginem quem não tem casa? — disse, completando sobre a importância do isolamento social e agradecendo aos profissionais de saúde.
Sarney elogiou o que classificou como "idealismo" do governador de São Paulo.
— Me resta a esperança para vencer esta tragédia: a vacinação. Que deve ser feita com a participação e colaboração de todos. É hora de juntarmos esforços para dizer à população brasileira para que colabore com as autoridades sanitárias — disse Sarney, que participou da cerimônia por videochamada e classificou a pandemia do coronavírus como "o maior problema dos últimos anos".
Temer celebrou a "simbologia da unidade" na reunião.
— O combate ao vírus é tão importante quanto a economia. A vida se vai e a economia de recupera. Que as vacinas venham de onde vierem, desde que bem testadas — afirmou.
O ex-presidente ainda agradeceu aos profissionais de saúde, aos voluntários que se submeteram aos testes clínicos e pediu que todos se imunizassem.
Sarney, de 90 anos, FHC, de 89, e Temer, de 80, pertencem ao grupo prioritário da fase 1 de vacinação, que contempla idosos acima dos 75 anos. Na semana anterior, a ex-presidente Dilma Rousseff, de 73, recusou o convite para participar do evento afirmando ser "inaceitável 'furar fila'".
"Agradeço, mas diante das circunstâncias tenho o dever de recusar a oferta, por razões éticas e de justiça", publicou em nota no seu site oficial.
O objetivo de Doria era reunir o maior número possível de ex-presidentes durante o evento, formando assim um contraponto ao atual líder do Executivo, Jair Bolsonaro, que tem sido contrário à vacinação no país. Ainda no início deste mês, Bolsonaro decretou um sigilo de cem anos sobre o seu cartão de vacinação.