Com o início da vacinação contra covid-19 no mundo, inclusive na América Latina, e ainda sem data marcada para começar a imunização no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro afirmou não se sentir pressionado pela falta de prazos locais.
— Ninguém me pressiona para nada — garantiu, enquanto circulou por cerca de duas horas em Brasília (DF), sem usar máscara, ao final da manhã deste sábado (26).
Ele também reforçou a necessidade de validação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
— Entre mim e a vacina tem uma tal de Anvisa, que eu respeito e não estão querendo respeitar — argumentou, mencionando a assinatura de uma Medida Provisória (MP) que liberará R$ 20 bilhões no ano que vem para aquisição e distribuição do imunizante, entre outros usos.
Na sequência, o presidente voltou a salientar que os laboratórios não querem se responsabilizar por reações adversas que possam vir a ocorrer com as vacinas.
— Não pode aplicar qualquer coisa no povo. Eles não se responsabilizam por qualquer efeito colateral (da vacina) — criticou, acrescentando que a falta de respaldo, pelo que soube, é válida para todas as empresas que estão comercializando o imunizante.
Bolsonaro vem tentando minimizar a urgência de imunizar a população e sempre se mostrou arredio ao uso da vacina Coronavac, que tem origem na China e que está sendo negociada pelo governo de São Paulo para ser produzida no Instituto Butantan. Há um claro jogo de forças entre o presidente e o governador João Doria em torno do imunizante. Mas o governo voltou a considerar o uso da vacina que será produzida junto com o país asiático no último dia 16, quando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, estimou que a imunização contra a covid-19 no país começaria em "meados de fevereiro".
Quatro dias antes, o Palácio do Planalto entregou o plano de vacinação do governo ao Supremo Tribunal Federal (STF) mesmo sem previsão de datas. Na ocasião, o governo estimou que seriam necessárias 108,3 milhões de doses para imunizar todos os grupos prioritários em quatro fases, considerando a aplicação de duas doses.
Visita
As avaliações sobre a vacinação ocorreram enquanto o chefe do Executivo esteve em vários estabelecimentos comerciais de Brasília por cerca de duas horas, sempre acompanhado por seguranças e novamente sem usar uma máscara de proteção contra o coronavírus. Após visitar uma lotérica e uma padaria, Bolsonaro também esteve em um clube militar, em uma papelaria e em uma oficina de motocicletas.
O presidente permaneceu no Distrito Federal neste final de semana, mudando os planos iniciais de ir até o Guarujá — litoral de São Paulo. A previsão agora é que se desloque apenas na segunda-feira (28) para a cidade à beira-mar.