Em entrevista ao programa Timeline desta quarta-feira (21), o ex-secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde Erno Harzheim afirmou que origem da vacina contra o coronavírus não deve ser critério para autorização de aplicação no país. A declaração é uma resposta a um comentário do presidente Jair Bolsonaro, na manhã desta quarta, afirmando que a vacina chinesa não será comprada.
— A origem da vacina não pode ser um critério técnico (para a viabilização). Sendo efetiva, não importa onde foi produzida — disse.
De acordo com Erno, a Anvisa só poderá bloquear o registro da vacina a partir de critérios como realização incorreta dos testes, com parecer que afirme que as aplicações não são eficazes.
Ainda segundo ele, o medicamento chinês está sendo co-produzido com o Instituto Butantan, e se o medicamento tiver eficácia comprovada, não será possível negar a autorização com base em "dizer que não gosta da vacina porque vem de um país ou de outro".
— O que teremos de benefício ou risco com a vacina não tem nada a ver com a origem (da vacina). A Anvisa até pode bloquear, mas não porque vem de um país ou de outro. (...) Estamos falando de um acordo que não tem característica leviana, que tem solidez e altíssima confiabilidade. Nós não partimos de um pressuposto de dúvida.
Erno também disse que, se a agência produzir um relatório que desqualifica a vacina a partir de ideologia, fica "transparente e inquestionável".
— Seria um pouco ridículo ter registro negado com base em uma análise técnica frágil. Se alguém achar que vai virar comunista ao tomar a vacina chinesa, existe outra rede da Saúde que é a de saúde mental.
Erno finalizou a conversa afirmando que é dever do governo federal unificar ações com os Estados para proteger a saúde dos cidadãos brasileiros, com base nos sistemas nacionais de imunização. Para ele, se as vacinações ocorrerem apenas em determinados Estados, seria uma "guerra estadual de vacina", com surtos nos nichos não vacinados.