Maior autoridade do governo da Alemanha no Rio Grande do Sul, o cônsul Thomas Schmitt sugeriu, nesta quinta-feira (25), que o governador Eduardo Leite não se dobre aos interesses privados nas decisões políticas sobre a pandemia do coronavírus. Ao elogiar a postura do governo gaúcho, o cônsul comparou o modelo do Rio Grande do Sul com o da Alemanha.
— É um dos Estados do Brasil que está enfrentando com maior êxito a pandemia, e isso se deve a uma boa atuação do governo. E, semelhante à abordagem da Alemanha, que foi um sucesso também. Fico feliz que você defenda essa abordagem contra interesses particulares, e espero que você possa continuar neste caminho. Como insucesso dessas medidas, todos teríamos muito a perder, alguns até suas vidas — disse Thomas, na abertura de evento pela internet com participação de Leite.
A recomendação ocorre em meio ao aumento de pressão de setores empresariais sobre o governador e prefeitos, nas últimas duas semanas, por conta da aplicação da bandeira vermelha de risco em algumas regiões do Estado. Neste período, o Piratini também decidiu flexibilizar parte das regras em municípios sem internações recentes.
Para um público formado essencialmente por empresários ligados à Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul, o cônsul-geral em Porto Alegre pediu respeito às regras estaduais e municipais.
— No contexto das experiências da Alemanha, gostaria de apelar aos participantes: deem uma chance às medidas do governo do nosso Estado e das municipalidades. Elas são muito melhores do que uma desordem em que todo mundo tenta garantir vantagem própria — afirmou Schmitt, que responde pela representação diplomática no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Provocado a contar a realidade atual na Alemanha, Schmitt destacou que, mesmo com a retomada da maioria das atividades, há regiões ainda com lockdown:
— Quase tudo parou na Alemanha, um pouquinho antes do Brasil, e já retomamos em muitos aspectos a vida normal. A maioria das pessoas já está trabalhando. A Alemanha também introduziu um sistema regionalizado, com microrregiões. E temos regulamentos diferenciados. Neste momento, em duas regiões, temos lockdown por causa de frigoríficos. Numa grande empresa dessas, acharam quase 1,5 mil infectados na semana passada — relatou.
As falas do cônsul ocorreram durante evento chamado de reunião-almoço virtual da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul (AHKRS).